Aprendam uma lição com o juiz injusto: Orem!


Lucas 18:1-8

Parábola significa Colocar coisas lado a lado para comparar. Um terço dos ensinos de Jesus aconteceram sob a forma de parábolas. Só há parábolas nos evangelhos, cerca de sessenta delas. O Evangelho de Lucas é o mais rico em parábolas, contém cerca de vinte e quatro delas, sendo quinze delas exclusividade sua. As parábolas de Jesus não são apenas histórias bonitas, elas convocam os homens a tomarem uma decisão após serem ouvidas. Se alguém rejeita  o ensino da parábola rejeita a pessoa que a ensinou, por isso seu coração é endurecido (Mc. 4:11-12). O evangelista Lucas usa o termo parábola 14 vezes no seu evangelho (4:23; 5:36; 6:39; 12:16; 12:41; 13:6; 14:7; 15:3; 18:1; 18:9; 19:11; 20:9; 20:19; 21:29).  Uma parábola tem apenas um único ensino.

Assim sendo, adentremo-nos no ensino da parábola propriamente dito:

1.       A necessidade, o tempo e o inimigo da oração – v. 1

O termo dever encontrado no versículo 1: “Sobre o dever de orar sempre” (NVI, ARA, NAA) ou “para mostrar que deviam orar sempre” (NVT), denota um constrangimento de origem divina. A palavra “dever”, pode também ser traduzida como necessidade. A palavra usada aqui para dever descreve a necessidade em razão das coisas que estão acontecendo.  Aqui, portanto, se torna claro que orar é um impulso que Deus nos dá e que esse impulso aumenta ou deveria aumentar quando aumenta as dificuldades.

Jesus qualifica ainda quando orar. Ele disse: Sempre. O termo usado por Lucas denota em todos os tempos, sempre, constantemente. Não importa se os dias são bons ou maus, se tem fartura ou miséria, se tem saúde ou doença, é necessário estar orando em todas essas ocasiões.

O tempo verbal grego (imperfeito) reforça o fato de que a viúva ia e voltava constantemente ao juiz injusto.  O ato de pedir da viúva era tão insistente que denota um verdadeiro golpear. O termo usado para molestar é, na verdade, tomado da arena romana e significa bater abaixo dos olhos.  A persistência na oração é vista ainda na fala de Jesus: Dia e noite (v. 7).

Há um inimigo da oração que não é o Diabo. Exaustão, cansaço, covardia, desânimo. Esse inimigo não atua só contra a oração, mas contra o ministério (2Co. 4:1,16), contra bom comportamento (2Ts. 3:13). É intensificado diante das tribulações (Ef. 3:13).

2.       O ouvinte da oração – vs. 2-8

Jesus está claramente comparando Deus Pai e o juiz injusto, uma vez que a Bíblia afirma que Deus Pai é o juiz justo (Sl. 7:11). Nessa comparação, Jesus mostra o que Deus Pai não é e também o que ele faz e o que o juiz não fez.

a.       Ao contrário do juiz injusto, Deus se importa com as pessoas;

Deus é generoso com bons e maus, dando-lhes chuvas, estações frutíferas, roupas, alimento, saúde. Deus se importa mesmo com aqueles que o desdenha, pois é misericordioso e misericórdia significa ter boa vontade com o miserável. Essa palavra “importar” ou “respeitar” é usado por Hebreus para indicar o trato que um filho tem com seus pais (Hb. 12:9). Transmite a ideia de ter em estima correta.

b.       Ao contrário do juiz injusto, Deus faz justiça, isto é, ouve orações e salva pessoas;

A Lei ordenava aos judeus que tivessem juízes em cada cidade (Dt. 16:18). Era esperado deles que fizessem justiça sem distinção de pessoas (Ex. 23:6,9; Lv. 19:15). Esse juiz foi contrário a todas essas coisas. O caráter dele era única e exclusivamente voltado para o egoísmo. Ele só atendeu a viúva por ter sua comodidade violada, só atendeu a viúva para manter sua paz de espírito.

Deus, em contrapartida, é justo. Quando Paulo coloca a justiça de Deus em evidência, ele relata com isso a salvação. Paulo diz: “justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm. 3:26); e: Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele fossemos feitos justiça de Deus (2Co. 5:21). O próprio Senhor Jesus salienta que se trata de um ato salvador ou salvífico ao falar de seus eleitos. Essa terminologia bíblica tem a ver, sempre, com salvação.

O fazer justiça, no contexto, se refere ainda ao fato de que Deus é o ouvinte de toda e cada oração. O Senhor Jesus disse: “Continuará a adiar a resposta?” (NVT) e então acrescenta: Eu afirmo que ele fará justiça e rápido!”. (v. 8 – NVT).
3.       A oração e a fé – v.8

A oração feita aqui é intensa. O termo grego dizia (lit. boan) significa chamar, gritar. A resposta à oração aqui, parece, é adiada intencionalmente (uso do termo makrothymein). Isso indica claramente que apesar de toda a fé, a resposta à oração pode ser adiada. Adiada, todavia, não significa não respondida. Jesus diz que a resposta vem com pressa. O que se demanda, todavia, é a fé.

Para o NT, uma fé meramente intelectual é inútil (Tg. 2:14-26). A fé correta demanda um conteúdo a se crer correto (Tt. 1:1; 2Ts 2:13; 1Pe. 1:22). Fé é resultado do testemunho interno de Deus (1Jo. 5:9-11). Para o NT, a fé se traduz na prática. Toda nossa vida é vivida na fé (2Co. 5:8; Rm. 1:16-17). Fé é a mão vazia estendida para receber o dom gratuito da justiça de Deus em Cristo (Enciclopédia Histórico-teológica da Igreja Cristã, p.156).

Franklin Ferreira diz: “A fé é estender mãos vazias em direção ao Cristo crucificado. Tudo de que precisamos para entrar em uma relação correta com Deus foi alcançado por Jesus em sua morte vicária. O que nos compete é estender as mãos para ele, em fé, e implorar que ele venha a nós, pois, de acordo com Jakob Heerbrand, “a fé é somente a forma, a mão, que recebe o benefício oferecido e presenteado por Cristo, portanto o instrumento que recebe e se apega ao benefício oferecido no evangelho” (Pilares da fé cristã, p. 141).  É importante ressaltar que devemos nos apoiar somente no objeto da fé verdadeira, Cristo.

J. C. Ryle, bispo anglicano diz que o cristianismo autêntico começa e floresce na prática da oração; ou decai com a falta dela. (Comentário de Lucas, Hernandes Dias Lopes, p. 507).

Conclusão: Ao contrário do que se prega atualmente que orar é orar mais agir, acredito firmemente que orar já é o maior ato que se pode praticar. É pleitear junto ao trono gracioso. É invocar a Deus nas necessidades (Lutero). É respirar o ar puro do céu na terra (Hernandes Dias Lopes). Razão pela qual somos encorajados a orar.  

Comentários

  1. Texto edificante. Grande sabedoria nosso Pai concedeu à ti. Deus te abençoe.

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