Análise da história de Jó

Já vi tanto as pessoas colocarem a História de Jó como exemplo dizendo que da mesma forma que Deus deu tudo em dobro para ele, também o faria nas vossas vidas. Não acredito que seja errado, mas o que venho pensando é que se permaneceríamos fiéis como Jó quando passássemos por tudo o que ele passou, sem tirar uma vírgula sequer. Vamos pensar um pouco sobre.

Quem era Jó? O que ele tinha e o que ele perdeu?

A bíblia diz que ele era um homem íntegro e reto, temia a Deus e se desviava do mal. Tinha sete filhos e três filhas. Sete mil ovelhas ,três mil camelos, 500 juntas de bois e 500 jumentas. A seu serviço, muita gente, (Jó 1:1-3). Ainda no verso 3 diz: “de maneira que este homem era o maior de todos os do Oriente”. Podemos ver que ele possuía grande riqueza e tinha uma grande família. Jó ainda oferecia, continuamente, holocaustos segundo o número de todos os filhos (Jó 1:5). Então ele perde tudo isso num mesmo dia (Jó 1:13-19). 


Após perder tudo, a riqueza, os servos, os filhos, qual foi a reação de Jó? 


“Então Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça, prostrou-se em terra e adorou. E disse: — Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei. O SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR! Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.” (Jó 1:20-22).


"Pele por pele", disse Satanás! (Jó 2:4)


Logo após tudo isso, Jó é ferido por Satanás com tumores malignos, que chegou a raspar as feridas com um caco de barro, estando ele sentado em cinzas. Vale ressaltar que, apesar de Jó ter permanecido fiel, ter adorado ao senhor e não ter pecado, (Jó 1:20-22), mais a frente vemos que ele amaldiçoou o dia de seu nascimento (Jó 3:3-4), questionou ter nascido (3:11), e também, desejou morrer (6:8-10).

Então, volto a perguntar: permaneceríamos em integridade com o senhor? Permaneceríamos fiéis? Se Deus permitisse que da nossa vida fosse tirado nossos filhos, entes queridos, toda nossa riqueza (ou tudo o que temos, mesmo que pouco), se todos nos abandonassem, enfim, perdessemos tudo, ainda por fim, fossemos acometidos de uma enfermidade tão maligna quanto a de Jó? E aí? Louvaríamos ao Senhor, o adoraríamos, ou o amaldiçoaríamos e o abandonaríamos? Teríamos integridade em nossos corações apesar de todas essas coisas? Não quero colocar à prova a fidelidade de ninguém, mas escrevo estas coisas para pensarmos, tanto eu como você que lê, sobre nossa firmeza, em Deus, em suas promessas, na crença de um DEUS BOM. Assim como Jó era um ser humano, também o somos. Estamos sujeitos à lamentar em nossas provações e amaldiçoar nosso nascimento assim como ele lamentou a sua miséria e amaldiçoou o seu nascimento. Ressalto que Jó não pecou mesmo com todas essas tragédias (1:22). Temos também a mesma escolha. Não pecar nem atribuir falta alguma a Deus, apesar de tudo.


O livro (um dos meus favoritos sobre o assunto) de Wilson Porte JR (Depressão e Graça), descreve a situação de Jó como uma “Depressão”. Se compararmos os sintomas que tinha Jó nesses dias, com os sintomas da depressão deste século, podemos ver que houve sim uma depressão na vida dele.(Parte 2- A DEPRESSÃO E A GRAÇA/ A GRAÇA NA VIDA DE JÓ).


O livro “A Depressão de Spurgeon” de ZACK ESWINE vai falar sobre uma depressão circunstancial, que é definida como uma depressão que foi causada por acontecimentos ruins do dia-a-dia ou que ocorreu anos antes e ficou marcado gravemente. Fazendo uma comparação desse tipo de depressão com a “depressão” de Jó, vemos que as suas perdas e provações foram a causa dessa enfermidade. Ou seja, uma depressão circunstancial. Tanto que ele entra num ápice de tristeza ou melancolia, chegando a desejar a própria morte. O mais importante aspecto é que Deus devolveu a Jó tudo dobrado. Não é? Mas lembrando que ele permaneceu firme. Você permaneceria? Eu permaneceria? Pensemos nisto.


O livro de Wilson Porte JR vai dizer também que Deus estava no controle e que Ele é bondoso e ajudou a Jó a dar Glória à Deus nas horas mais difíceis. Isso diz que Jó não fez isso sozinho. Não adorou o Senhor sozinho, ou seja, com suas forças humanamente limitadas. Deus o ajudou e nos ajuda também. A palavra de Deus nos assegura que não estamos sozinhos em nossas batalhas, provações, onde andarmos, e que Ele cuida de nós (1Pe 5:7; Js 1:9; Is 41:10; Sl 121:8).


Talvez você esteja se perguntando porque estou escrevendo sobre Jó -a pessoa que todos conhecem-, de sua “depressão” e tal. Bom, primeiro que a História de Jó é muito usada como exemplo de paciência e fidelidade nos dias atuais. Segundo porque estive me perguntando se eu, estando no lugar dele, agiria como ele. Terceiro porque experimentei a depressão circunstancial e pela graça de Deus, eu sobrevivi e gostaria de ajudar as pessoas que estão nessa mesma luta. Quarto, porque muita gente lembra somente do final da história: Bênçãos duplicadas; não pensando no sofrimento, guerra, dor, tristeza, lamento, etc.

Ainda sobre essa incrível passagem bíblia, é importantíssimo dizer que a graça de Deus permaneceu na vida de Jó. Mesmo que em nossas vidas haja uma grande turbulência, tanto que parece não haver esperança de dias melhores, lembremos  que a graça de Deus Pai, é maior. O que passamos aqui na terra não pode ser comparado com a glória que nos espera. E o pecado não é maior que o sacrifício que Jesus fez para nos dar a salvação e perdão dos nossos pecados.


“Lembre-se de uma coisa: Deus está no controle da nossa vida. Nada, absolutamente nada, foge ao seu domínio. Ele é Senhor e soberano. Creia que ainda que aparentemente você esteja perdendo a batalha, Ele é poderoso para reverter o quadro a seu favor. Não desista, antes, pelo contrário, nutra o seu coração de fé, na certeza de que aquele que começou a boa obra em sua vida, o fará no final de tudo mais do que vencedor. A fé é a certeza das coisas que se espera e a convicção dos fatos que não se vêem. E sabemos que sem fé é impossível de agradar a Deus.” pensador Deus

"Amaldiçoa seu Deus e morre!"

Sim, foi isso que a esposa de Jó disse à ele. Lá no verso nove do capítulo dois do livro, encontra essa pequena fala, de uma mulher desesperada, desamparada de bens, filhos e ao lado do homem, o qual havia devotado uma vida ali, sobre um monturo, coberto de Chagas malignas, da cabeça aos pés. É de se entender a atitude dessa mulher. Como qualquer um de nós agiria, agiu aquela mulher. Jó em seguida a repreendeu dizendo: "Mas Jó respondeu:
— Você fala como uma doida. Temos recebido de Deus o bem; por que não receberíamos também o mal?"
Com tudo o que ela sentia neste momento, ela se cala e não responde nada à Jó. Por certo ela tenha reconhecido sua falta e se arrependeu. Algo que muitos de nós não faria. Debateríamos com a fala de Jó e argumentaríamos justificando nossa atitude. Ela, mesmo sabendo que a punição era injusta, não ousou debater com a repreensão de seu marido. Ela que, como Jó, também estava sofrendo com toda aquela provação. 

Elifaz, Bildade e Zofar. Os três amigos de Jó.

Assim como Jó, temos também amigos ou pessoas próximas que irão, na hora da nossa miséria, tentar encontrar uma reposta para o nosso sofrimento. Esses três, Elifaz, Bildade e Zofar se revezavam em discursos que, ora insinuava ora afirmava haver um pecado em Jó, e diziam que o sofrimento dele era justo. 
Algumas pessoas, amigos, familiares, sempre terão um argumento para afirmar que a causa de nossas provações são nossos pecados. O que contradiz com a Sagrada Escritura que afirma que Jesus morreu por todos. Logo, todos os pecados de todo aquele que crer n'Ele serão perdoados (1João 2:2; 2:12; Efésios 1:7). A parte isso, tem que haver um sincero arrependimento e um coração quebrantado para perfeita boa obra de Deus em nós que é o crescimento em sua graça e no seu conhecimento. 

O Senhor prova tanto o justo quanto o perverso! (Sl 11:5)

Deus, nosso Pai, sabe o que é melhor para nós e o que realmente vai nos fazer crescer na sua graça. Ele prova quem ele ama e com isso permite que creçamos em toda sabedoria e entendimento. No caso de Jó, toda sua provação foi por causa da provocação de satanás à Deus. Então, Deus permite que ele toque em Jó, na sua família, na sua riqueza, etc., para provar que Jó era um homem reto por temor ao Senhor não por que tinha prosperidade na terra. Isso afirma mais uma vez que não somos provados por causa dos nossos pecados, pois estes já foram perdoados por Deus pelo sacrifício de Jesus, na cruz do calvário. 
Os amigos de Jó insinuavam e afirmavam que Jó havia pecado, e ele debatia afirmando sua integridade, fidelidade e inocência, porém ainda se perguntando a causa de todo seu sofrimento.

Deus reafirma sua soberania à Jó. (38:1-41; 39:1-30; 40:6-24)

Então Deus mostra à Jó que Ele é soberano e fez todas as coisas. Algo que muitas vezes colocamos em dúvida, essa soberania e poder de Deus. Não confiamos no Senhor, debatemos com Ele, maldizemos o seu Nome.
Duvidamos da sua bondade para conosco. Afirmamos que Deus não nos ama e que nos abandonou. Mas, com tudo o que fazemos em descontentamento e desespero, não é cobrado severamente por Deus, pois ele é rico em misericórdia, e Jesus, que está a destra de Deus intercede por nós. Deus é soberano, BOM, misericordioso, e tudo está no controle d'Ele. Quer queiramos, quer não. 

Tudo o que foi perdido, é recebido em dobro. 

"Agora peguem sete novilhos e sete carneiros, e vão até o meu servo Jó, e ofereçam holocaustos em favor de vocês. O meu servo Jó orará por vocês, e eu aceitarei a intercessão dele, para que eu não os trate segundo a falta de juízo de vocês. Porque vocês não falaram a meu respeito o que é reto, como o meu servo Jó falou.
Então Elifaz, o temanita, Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita, foram e fizeram o que o SENHOR lhes havia ordenado; e o SENHOR aceitou a oração de Jó."
(Jó 42:8-9)

Nesse texto vemos que Deus ordenou aos três amigos de Jó que fossem e oferecessem holocausto à Jó, e ele faria uma oração por eles. É em extrema importância, que façamos uma análise aqui. Percebe-se que ele ainda não havia recebido a restauração de suas perdas e ainda assim, fez orações por aqueles que afirmavam ter nele, algum pecado. Mesmo que não queiramos, é benevolente que façamos orações por nossos amigos e inimigos,  -como afirma a Sagrada Escritura- e amá-los também.
Por fim, Jó e sua esposa recebem tudo em dobro (42:10-17). 

"O SENHOR restaurou a sorte de Jó, quando este orou pelos seus amigos, e o SENHOR lhe deu o dobro de tudo o que tinha tido antes. Então vieram a ele todos os seus irmãos, todas as suas irmãs e todos os que o haviam conhecido antes, e comeram com ele em sua casa. E se condoeram dele, e o consolaram por todo o mal que o SENHOR tinha enviado sobre ele. E cada um lhe deu dinheiro e um anel de ouro.
O SENHOR abençoou o último estado de Jó mais do que o primeiro. Ele veio a ter catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. Também teve outros sete filhos e três filhas. À primeira filha deu o nome de Jemima; à segunda chamou de Quézia; e à terceira, Quéren-Hapuque. Em toda aquela terra não havia mulheres tão bonitas como as filhas de Jó; e seu pai lhes deu herança entre seus irmãos. Depois disto, Jó viveu mais cento e quarenta anos; e viu os seus filhos e os filhos de seus filhos, até a quarta geração. E assim Jó morreu, após uma longa velhice"

Dava até pra terminar dizendo que "todos viveram felizes para sempre..." Apesar das nossas provações, devemos acreditar, rigorosamente, que no final, teremos uma grande recompensa, no lar do nosso Deus, e de nosso Salvador Jesus Cristo. Um dia nos encontraremos com Ele em glória.
Assim como Jó, também podemos ter o que perdemos em dobro aqui, na terra, se, claro, for da vontade de Deus.
E aí, conseguiu responder se permaneceria com a postura de Jó diante de tudo? É realmente difícil responder à isso. Espero que esse texto possa alcançar as pessoas certas e de alguma forma, ajudá-las. Que a graça de Deus Pai esteja com todos, Amém. Deus vos abençoe . 

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