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Reflexões sobre o Brasil: A raiz do problema é antigo.

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 "Millôr Fernandes tem uma frase que resume bem o quadro do Brasil atual; ele diz: 'O Brasil tem um grande passado pela frente'. (...) O Brasil, portanto, antes de ser uma nação, foi um conglomerado de feitorias, de empresas, muitas delas ligadas à poderosas joint ventures europeias. O parco governo que se teve por aqui tomava decisões inteiramente ao sabor das vontades e necessidades desses arrendatários. Durante 400 anos permanecemos assim, e esse início justifica o nosso fim: elites econômicas determinando nosso projeto de nação. Desse modo, segundo Raymundo Faoro, pode-se dizer que, da chegada de Cabral até Dilma Roussef, uma estrutura político-social resistiu a todas as transformações fundamentais: 'A comunidade política conduz, comanda, supervisiona negócios, como negócios privados seus, na origem, como negócios públicos, depois [...] Dessa realidade se projeta a forma de poder, institucionalizada num tipo de domínio: o patrimonialismo'. Esse imperativo cate...

Lucas 13:6-8: A parábola da figueira inútil

6 Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou. 7 Então disse ao homem que cuidava da vinha: “Já faz três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não encontro nada. Portanto, corte-a! Por que ela ainda está ocupando inutilmente a terra?”   8 Mas o homem que cuidava da vinha respondeu: “Senhor, deixe-a ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e ponha estrume.   9 Se vier a dar fruto, muito bem. Se não der fruto, o senhor poderá cortá-la .  Lucas 13:6-8, NAA Por muito tempo essa parábola me intrigou. Parábola é a comparação. É descrever o Reino de Deus usando figuras e linguagens humanas.Esse texto me intriga primeiro porque o homem tem uma figueira numa vinha. Vinha é uma plantação de uvas para a produção de vinho, entre outras coisas. Segundo, porque em três anos ela não produziu fruto nenhum. Sendo parábola, esse fruto remete à quê? Porque ele é comparativo, né? Sendo parábola... Quando olhei para out...

O MUNDO ESPIRITUAL: POR MARCOS JÚNIOR

  Todos nós que somos cristãos cremos no mundo invisível; nós simplesmente o esquecemos. Somos consumidos por nosso mundo de argumentações, relacionamentos, empregos e escola – e mesmo o mundo ‘religioso’ da igreja e reuniões de oração. Talvez, se Jesus estivesse em carne em nosso meio murmurando frases como ‘eu vi Satanás cair’ sempre que Deus nos usasse, nós nos lembraríamos melhor. (Philip Yancey, “ Desventuras da vida cristã ”, p. 19) A vida natural em cada um de nós é algo autocentrado, algo que deseja ser paparicado e admirado para tirar proveito de outras vidas e explorar o universo todo. E, especialmente, algo que deseja ser deixado por conta própria. Tem medo da luz e do ar do mundo espiritual, pois nossa vida natural sabe que, se a vida espiritual encontra-la, todo o egocentrismo e a vontade própria serão mortos, e por isso vamos lutar com unhas e dentes para evitar que isso aconteça. (C. S. Lewis, “ Cristianismo Puro e Simples ”, p. 233) Os olhos cegos dos cristã...

Meditação no Salmo 8:3-8

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 • O homem na sua fragilidade — enosh. A derivação etimológica é incerta. Enosh  poderia derivar de uma raiz semítica que significa "fraco e doente" e literalmente falando traduz-se como "mortal". Aparece nas poesias e orações da Bíblia como em 2Crônicas 14:11. Frequentemente enfatiza sua fragilidade como em Jó 7:17; Salmo 8:4 e 90:3, bem como do ugarítico para "companheiro" ou do arábe "amigo"; se tomarmos sua raiz na conotação árabe ou ugarítica o que se enfatiza é o sociablidade do homem. À luz do Salmo 8:4, entendemos que é preferível pensar na mortalidade do homem. A maior concepção teológica do termo é a distinção entre Deus e o homem. Nas palavras de Eliú: "Deus é maior que o homem" (Jó 33:12). O homem ao qual os pensamentos de Deus se ocupam é aquele que é mortal, efêmero, passageiro, transitório, pequeno, fraco. Isso é reforçado pelo uso do termo "filho do homem" denota sua origem terrena. Enosh aqui fala de toda a hu...

Dedique-se à leitura das Escrituras

 Até a minha chegada, dedique-se (próseche) à leitura pública das Escrituras, à exortação, ao ensino. [1Timóteo 4:13]. Por que Timóteo deveria dedicar sua vida à Leitura das Escrituras? Por causa da apostasia iminente de alguns. Esse texto até onde o entendo é o antídoto divino para a apostasia diabólica. O termo aqui traduzido como "dedique-se" (próseche) aparece também no v. 1 traduzido como "obedecerem". Enquanto os apóstatas se devotam aos ensinos satânicos, Timóteo em contrapartida deveria se devotar à Palavra de Deus.  Os ensinos satânicos são danosos demais. Eles desviam as pessoas da verdadeira fé (v. 1). Não simplesmente criando uma repulsa por Deus e seu Reino, mas também fazendo com que essas pessoas efetivamente se tornem devotas, seguidoras, apegadas de coração e alma a esses ensinos mentirosos.  O discurso que pretensamente legitima esse ensino maligno é mentiroso (pseudológôn). Um ensino subvertido gera vida subvertida. Um discurso mentiroso cria ator...

Devocional no Salmo 23: (1) "Bondade e misericórdia me seguirão" (v.6)

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  O vocabulário “misericórdia” presente no Salmo 23:6 é encontrado 246 vezes no A.T. sendo aproximadamente metade destas ocorrências apenas em Salmos. O termo envolve a ideia de um relacionamento e comprometimento recíproco e mútuo, ainda que a iniciativa de ser deste relacionamento venha de Deus. A misericórdia de Deus é que firma nossa vida em meio à aflição (Sl. 31:7-8; 32:10; 57:3; 59:10; 94:18); é a misericórdia de Deus que permite-nos ter uma vida de comunhão com Deus: Ela é que nos dá vida espiritual (Sl. 119:88, 149, 159) e neutraliza a ira de Deus (Is. 54:8; Lm. 3:31-32; Mq. 7:18). A misericórdia, a graça, o amor leal, a fidelidade de Deus é douradora, persistente e eterna. Os escritores bíblicos celebram a eternidade da misericórdia de Deus. Isso é visto no contraste com coisas que são duradouras, porém não são eternas. Por exemplo, Isaías 54:10a registra “Porque os montes se retirarão, e as colinas serão removidas; mas a minha misericórdia  não se apartará de você....

Devocional em Jeremias: nº 1 — Jeremias 2:31

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Termo hebraico para ouvir, tomar, receber, dar atenção.   Vocês, desta geração, considerem a palavra do SENHOR (Jr. 2:31); e que seus ouvidos recebam a palavra de sua boca (Jr. 9:20). No primeiro destes versículos, Deus está nos chamando a perceber e a respeitar o ensino bíblico. Para tanto devemos inspecionar o que é dito nele e aprender dele. O cenário que essa profecia foi transmitida não foi dos melhores. Havia idolatria dominante na cidade (Jr 2:28), era uma época de julgamento pelo pecado (Jr. 2:30). Mesmo no meio do caos, Israel devia dar atenção à palavra de Deus. O caos não estava instaurado apenas fora, mas também dentro do povo. Jeremias enfatiza que o coração de Israel precisava ser circuncidado (Jr. 4:4), que Israel era tolo (Jr. 4:22), tem olhos cegos e ouvidos surdos (Jr. 5:21), pois seus ouvidos eram igualmente incircuncisos (Jr. 6:10). O ápice de tal rebeldia era a rejeição deliberada e frequente da Palavra de Deus (Jr. 8:9). Era um povo cansado de tanto praticar o...