JUSTIFICAÇÃO PELA GRAÇA, MEDIANTE A FÉ


"Se este artigo permanece [justificação pela graça mediante a fé] em sua pureza, também a cristandade se mantém pura e em boa harmonia, e livre de qualquer seita; se, todavia, não se mantiver pura, não será então possível evitar alguns erros ou sectarismos" (Martinho Lutero).¹
Lutero chamou o artigo da justificação pela graça mediante a fé de o artigo pelo qual a igreja se mantém de pé ou cai, tão importante que é. A justificação pela graça é um ato único que acontece no tribunal de Deus. Ao crermos em Cristo, à vista de Deus, é imputada a nós a justiça de Cristo. A partir daí, somos vistos como santos diante de Deus. Essa é a razão pela qual Lutero declara que somos simultaneamente justos e pecadores (simul justus et peccator), pois apesar de ainda praticarmos pecados, Deus considera-nos revestidos da perfeita justiça de Cristo. Essa é a "justiça estrangeira" da qual Lutero tanto fala, pois é externa a nós, mas igualmente aplicada a nós. A justificação é a declaração diante do tribunal de Deus de que fomos absolvidos das acusações que constavam contra nós. Ela é única porque descansa na morte de Cristo que também foi única. Foi na maldita cruz que o Senhor Cristo riscou toda a cédula que nos era contrária e que consistia de mandamentos e ordenanças (Colossenses 2:14). Foi na cruz que fomos justificados pelo derramamento do seu santo sangue (Romanos 5:9). Foi na cruz que fomos retirados posicionalmente de toda maldição do pecado (Gálatas 3:13; Cf. Gênesis 3:17), ainda que seus efeitos sejam experimentados na nossa vida e ao nosso redor. A partir da cruz, fomos declarados inocentes, de sorte que, não há condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus, pois os preceitos da Lei se cumpriram em nós que andamos no Espírito, isto é, somos guiados pelo Espírito (Romanos 8:1,4). Por ser ato único, a justificação é instantânea e completa, vindo igualmente sobre todos os crentes (Romanos 3:22), logo, não existe um crente mais justificado que outro.
A justificação é realizada no início da caminhada cristã, logo, como ressalta F.F. Bruce: "Se Deus o declara justo no início do percurso, não pode ser com base nas obras ainda não praticadas por ele". John Stott, teólogo anglicano, declara que a justificação é o contrário da condenação. Ainda segundo Stott: "Dentro do contexto cristão, a justificação é o veredito escatológico alternativo que Deus, como juiz, poderá anunciar no dia do juízo. Portanto, quando Deus justifica os pecadores hoje, está antecipando o seu próprio julgamento final, trazendo até o presente o que de fato faz parte dos 'últimos dias'", ou seja, aqui e agora, já foi pronunciado o julgamento final (Cf. João 3:18-20; 5:24). A justificação é necessária porque todos os homens estão destituídos da glória de Deus (Romanos 3:23), não importando quão bons sejam. A Justificação é a sentença dita pelo justo juiz de que não existe nenhuma base para a aplicação do castigo. A voz do perdão diz: pode ir, você está livre da pena que o seu pecado merece; a voz da justificação diz: pode vir, pois você é bem-vindo para desfrutar todo o meu amor e a minha presença.
Essa é a realidade de cada filho (a) de Deus. Pois a Bíblia é clara e enfática ao dizer: "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 5:1) e que fomos justificados pelo nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus (1Coríntios 6:11).

CITAÇÕES DE CRISTÃOS ACERCA DA JUSTIFICAÇÃO PELA GRAÇA, MEDIANTE A FÉ

Martinho Lutero -  Artigo principal de toda a doutrina cristã, que de fato faz cristãos.

Thomas Cranmer - Esta fé a Escritura Sagrada ensina: esta é a rocha firme e o fundamento da religião cristã: esta doutrina todos os au­tores velhos e antigos da igreja de Cristo aprovam: esta doutrina avança e ressalta a verdadeira glória de Cristo, e derrota a vanglória do homem: todo aquele que nega isto não deve ser contado como verdadeiro cristão. . . mas como adversário de Cristo. . . 

Hans Küng - O homem é justificado por Deus somente à base da fé. Além do mais, a justificação através da 'fé somente' fala da completa incapacidade e incompetência do homem para qualquer tipo de autojustificação. Assim, o homem é justificado somente por meio da graça de Deus; o homem nada realiza; não há nenhuma atividade humana. Antes, o homem simplesmente se submete à justificação de Deus; ele não realiza obras; ele crê.

Richard Hooker - Deus realmente justifica o homem que crê, contudo, não por causa da dignidade da sua crença, mas pela dignidade daquele em que crê². 


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¹ Citação extraída do comentário de Romanos 3:21-31, publicado pela editora Hagnos, do Rev. Hernandes Dias Lopes, pastor titular da 1ª IPB de Vitória, ES.
² Citações retiradas do livro "A cruz de Cristo", do reverendo anglicano, John Stott, publicado pela Ed. Vida.

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