Insights preciosos de uma verdade banal....

"Certa vez uma aluna chegou para mim e disse: “Professor, não quero mais homem que malhe o corpo! Quero um homem que malhe o cérebro!”. Virou questão de prova. Aponte o erro na frase da aluna. O erro é tão óbvio que muita gente não percebe. O cérebro faz parte do corpo, assim como seu dedão, fígado e nariz. Temos, no entanto, uma ilusão de que corpo e cérebro são entidades separadas. Por consequência, acreditamos que o mesmo ocorre entre mente e cérebro. Este é um erro terrível para a saúde do nosso cérebro — e, por consequência, da mente — ao longo da vida. Lembre-se da frase que já foi repetida mais de uma vez neste livro: a mente é o que o cérebro faz".¹

Quem me conhece sabe que, às vezes, eu tenho resistência com meu corpo. Quando me converti, apesar de desconhecer os termos, eu era um cristão, mas ao mesmo tempo gnóstico. Sem saber, nutria em razão de algumas experiências passadas, o conceito de que a matéria era má; não o Universo em si, mas específica e unicamente meu corpo. Tinha certa resistência - apesar de confessá-los como inspirados - com textos que afirmavam que o corpo é templo do Espírito Santo; sobre o corpo glorificado, Jesus ter um corpo de carne e sangue iguais ao meu, etc. Confessava tudo isso, mas resistia a isso fortemente e secretamente, apenas no meu coração.

Simultaneamente, as pessoas elogiavam muito minha memória. De fato ela é muito boa. Eu, entretanto, considerava-a (talvez ainda considere, não sei ao certo enquanto escrevo) como concomitantemente benção e maldição. Podia (posso) me lembrar de referências bíblicas, conversas, detalhes ínfimos assim como posso (podia) lembrar de fracassos, perdas, trocas passadas como se acontecessem agora, enquanto escrevo.

À medida que fui lendo sobre Filosofia e História fui me tornando consciente de que o passado é um recorte mental que não corresponde a realidade vivida. O nosso cérebro recria as situações e, na grande maioria das vezes, não é exatamente o ocorrido... Sendo assim, grande parte das emoções que me governam a esse respeito podem, na verdade, sequer serem expressões reais do que aconteceu. Sendo apenas interpretações exageradas de minha parte. 

Nesse processo todo muita gente boa me ajudou bastante; algumas das quais não mantenho próximas, outras, que conheci recentemente, outras já conhecidas, mas agora íntimas. Livros foram cruciais, sem dúvida. Tantos. Destaco aqui - faço injustamente - alguns: A coragem de ser imperfeito, a arte sutil de ligar o f*da-se, A vida que vale a pena ser vivida, Ética e vergonha na cara, A Filosofia explica as grandes questões da vida, Confissões, George Müller, o guardião dos órfãos de Bristol, Onde está Deus quando vem a dor?, Cândido, As dez lições sobre Arthur Schopenhauer, A arte de bastar a si mesmo, Milênios de sabedoria, Factótum, Bukowski: Seus provérbios e pensamentos, Crônicas de um amor louco: Ereções, ejaculações Exibicionismos parte I, Dez lições sobre Focault, Dez lições sobre Santo Agostinho, Podres de mimados, As vantagens do pessimismo, Anatomia de uma dor: Um luto em observação, Gestão da emoção, Não nascemos prontos!,  entre tantos. Até d'O poder da ação pude tirar coisas proveitosas. Além disso, nesse meio tempo, voltei para amizades antigas, um amigo em especial que se tornou meu segundo professor de violão (nesse intervalo aprendi a tocar violão). Tínhamos, semanalmente, aulas e depois jogávamos conversa fora com uma boa dose de cerveja, às vezes macarrão, às vezes pizza, às vezes hambúrgueres...  Agradecimento também ao mundo musical: Scalene, Supercombo, Skank, O Rappa, Nathália Porto, Oriente Haikaiss, Capital Inicial, Jota Quest, etc...

O que me motiva a escrever esse texto agora, entretanto, é a citação que o encabeça. Lia-a hoje. E a conclusão a que cheguei foi: Aquilo que as pessoas elogiam é exatamente aquilo que eu repudio: Meu corpo. Como diz o Dr. Pedro Calabrez, O cérebro faz parte do corpo, assim como seu dedão, fígado e nariz. Elogiava-se e muito a minha capacidade de lembrar coisas, a minha capacidade de ligar coisas e fatos, e alguns até dizem de uma tal sagacidade, vai saber, né? Cheguei à conclusão de que essa massa de aproximadamente 1,5 Kg é parte fundamental do meu corpo e de mim. Sem ela, não sou eu. Ela, rendendo-se à fantasias, desprezava todo o restante do maquinário que simplesmente sou eu...Não sou etéreo, nem fui criado para ser. Tenho corpo e alma racionais... Pelos quais, segundo minha fé professa, Jesus Cristo morreu para redimir. 

Onde estava o problema, então? O Dr. Pedro responde com maestria quando diz: a mente é o que o cérebro faz. Na mente, nos pensamentos, nas fantasias, nas próprias aporias que me colocava e a que me sujeitava espontaneamente, apesar de inconscientemente. Em miúdos, uma aporia é uma situação insolúvel, sem saída. Filosoficamente, é claro, o significado é mais robusto e cheio de sutilezas, mas para o propósito de agora, a definição apresentada é suficiente. 

Com o insight apresentado pelos Drs. Pedro Calabrez e Clóvis de Barros Filho no seu livro Em busca de nós mesmos, percebo agora, quão injusto eu fui com meu corpo e com meu cérebro! E, consequentemente, segundo minha profissão de fé, com meu Deus, que confesso como Criador do Céu e da Terra, ora, Terra aqui significa também meu corpo. Já que o corpo do primeiro homem foi formado justamente do pó da Terra. Esse Insight proporcionou o início do entendimento de uma outra perspectiva e agora apreciada do meu corpo. Perspectiva essa que eu pretendo manter e expandir. Não preciso mais retrair meu corpo físico, o que eu julgava repulsivo, sempre foi, na verdade, atrativo e quem diria hein?! 

Sei que os autores dos livros apresentados, sequer lerão essas linhas, entretanto, obrigado (a) a todos! Grato ainda e sobremodo a cada amigo (a) meu que permaneceu ao meu lado e ainda permanece em tantas manias, não posso deixar de mencionar minha família, núcleo próximo e íntimo. Agradecimento especiais à: Mark Manson, Augusto Cury, Clóvis de Barros Filho, Mário Sérgio Portela.

 Por fim, como reza o lema latino,

Soli Deo Gloria (A Deus somente toda a glória)!


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¹ de Filho, Clóvis Barros. Em busca de nós mesmos . CITADEL GRUPO EDITORIAL. Edição do Kindle. posição 2602-2611

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