A busca do mundo – Lc 12:29-31
“Não perguntem pelo que comerão pelo que beberão e nem andem inquietos. Pois as pessoas que estão no mundo, buscam todas essas coisas; E o Pai de vocês sabe que vocês necessitam de todas elas, antes, busquem o reino de Deus e todas essas coisas lhes serão acrescentadas”. [1]
A busca que o mundo faz atualmente tem suas características e suas conseqüências. Esses são os aspectos que esses versículos nos revelam sobre a busca do mundo:
I. As características da busca que o mundo faz atualmente
a) É uma busca somente natural
É uma busca que cuida específica e especialmente com o corpo. Comer e beber são atividades que desempenhamos com o corpo.
Na mídia, há um investimento enorme sobre a cultura corporal. Os ditames impostos são da beleza física acima de tudo. É puro narcisismo.
A busca natural é muito importante sim, pois o nosso corpo é templo do Espírito Santo e foi comprado pelo sangue de Jesus Cristo, mas nós não somos somente corpo, na verdade, somos espírito que temos alma e habitamos em um corpo.  Somos seres triúnos, a semelhança do Deus triúno.
As pessoas que fazem uma busca puramente natural devem lembrar-se que um dia que tudo o que é terreno passará. Inclusive o cuidado exagerado com o corpo, pois um dia o Senhor Jesus transformará o nosso corpo, a semelhança do seu corpo glorificado.
A bíblia ainda chama o nosso corpo de “corpo de humilhação”, por mais que ele seja um corpo cheio de músculos, esbelto. O nosso corpo só deixará de ser “corpo de humilhação” quando for glorificado pelo Senhor Jesus.

b) É uma busca legítima
Jesus não está proibindo de você ter um corpo esbelto, pois em um relacionamento e na saúde isso conta muito.
Jesus até coloca essa busca que o mundo faz como uma busca legítima ao dizer que o Pai sabe que necessitamos dela. Não apenas queremos tê-la, mas precisamos dela.
Tem coisas que a liturgia eclesiástica (dogmas da Igreja) declara ser impróprio, mas que são coisas legítimas.
Claro que nós temos que discernir espiritualmente o que é conveniente e o que não é. Pois podemos escandalizar nossos irmãos na fé que são neófitos, ou seja, que ainda não sabem discernir claramente o que é apropriado.
Podemos classificar uma busca legítima, pelo seguinte padrão:
Isso me domina? Se dominar, não provém de Deus, porque Deus nos chamou para liberdade. Veja o que o apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios:
Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém, tudo me é lícito, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas”. (1 Co 6:12)
“Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém, tudo me é lícito, mas nem tudo me edifica”. (1 Co 10:23)
Ele completa isso em Gálatas 5:1
“Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão”.
Isso me edifica? Se não edifica, não provém de Deus, porque a bíblia recomenda seguirmos as “coisas da Edificação”.
Ele completa isso em Romanos 14:19:
 “Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros”.  
Tudo o que não o dominar e que o edificar e que estiver conforme a Palavra do SENHOR é uma busca legítima.
Pois o “os céu dos céus são do SENHOR, mas a terra deu-a ele aos filhos dos homens”. (Sl 115:16).
O desfrute da terra é seu. Se você não desfrutar dela, outro ser - humano o desfrutará. Mas porque um (a) filho (a) do Rei Todo Poderoso, não desfrutaria da sua herança?
Deus deseja que seus filhos desfrutem muito mais das buscas legítimas do que as pessoas que estão no mundo sem aliança com Jesus Cristo.
 Por mais que a busca que o mundo faz atualmente é puramente natural, ela é também legítima. Precisamos comer e beber! Pessoas que jejuaram a vida toda não existem, são apenas lendas! Digo isso porque tem certas religiosos que usam livros apócrifos (espúrios, falsos, não canônicos) para dizer que houve pessoas que jejuaram toda a vida. Mas comer e beber é uma busca legítima que o Pai sabe que precisamos dela, ensinou o Senhor. Se o Pai sabe que precisamos, que é legítimo, ele proibiria seus filhos de fazê-lo? Claro que não!
II. Conseqüências da busca que o mundo faz atualmente
a)     É uma busca que gera dúvida no coração.
No início do texto, Jesus estava dizendo: “Não perguntem pelo que comerão pelo que beberão”. Quando nós perguntamos algo a alguém, quando essa pessoa já confirmou algo conosco, nós estamos simplesmente duvidando da pessoa;
Lá no coração, nós acreditamos que a pessoa não seja capaz de cumprir o que ela disse que faria.
Quando nossas buscas legítimas geram dúvida no nosso coração tem algo errado. Porque a palavra de Deus diz: (Hb 11:6)
“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam”.
Diz também: (Tg 1:5-8)
“E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa. O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos”.
Pedro tinha uma palavra viva de Jesus para andar sobre as águas, mas ele reparando na força do vento e na fúria do mar, duvidou e começou a afundar.
Da mesma forma, quando nós duvidamos do Senhor ainda que no coração, nós começamos a afundar como Himeneu e Alexandre.
“Este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti, milites por elas boa milícia; Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé. E entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar”. (1 Tm 1:18-20)
Himeneu e Alexandre caíram porque rejeitaram a fé e a boa consciência, além de blasfemarem. Pedro caiu porque tirou os seus olhos do Senhor. Em ambos os casos, a palavra ou pensamento chave é INCREDULIDADE ou DÚVIDA:
Vede irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. (Hb 3:12)
Quando se duvida do Senhor nada se alcança. Quando se é incrédulo se aparta do Senhor. Aquele que a Deus não crê o fez mentiroso (1 Jo 5:10). E Deus seja verdadeiro e todo homem seja mentiroso! (Rm 3:4)
Deus nunca mente, mas o incrédulo pensa que Deus mente, ele só pensa, pois Deus é a própria Verdade (Dt 32:4 ARC)[2]
b)     É uma busca que gera inquietação

Jesus terminou o versículo 29 dizendo: “E não andem inquietos”.
Inquietação é um estado de preocupação, desassossego que impede o repouso, a paz, a tranqüilidade; nervosismo. Ato de se preocupar com coisas que estão alem do seu conhecimento.
Tudo o que tira nossa paz não deve ser aceito. Porque o Senhor Jesus é o príncipe da Paz (Is 9:6).
A mera presença de Jesus diante de Pôncio Pilatos e de Herodes Antipas trouxe reconciliação deles, a bíblia declara que eles eram inimigos, mas quando viram Jesus se tornaram amigos! Leia Lc 23:1-12
A bíblia declara também que a paz de Cristo deve ser o juiz do nosso coração.
Cl 3:15 diz:
“Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual também fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos”. [3]
O mundo é inquieto, mas promete uma falsa paz; por isso o Senhor prometeu:
A minha paz vos dou. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração nem se atemorize (Jo 14:27)
Quando o desassossego vier lembre-se do Salmo 23:
O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas.
Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do SENHOR por longos dias.
Que nossa busca, não seja apenas natural e legítima, mas acima de tudo a nossa busca seja ser semelhante a Jesus todos os dias, buscando em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça.



[1] Paráfrase Pessoal do Texto de Lc 12:29-31. Parafrasear é dar uma interpretação, explicação ou nova apresentação de um texto (entrecho, obra etc.) que visa torná-lo mais inteligível. É interpretá-lo com palavras mais fáceis de serem entendidas!

[2] ARC: Almeida Revista e Corrigida.
[3] Versão ARA: Almeida Revista e Atualizada


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