A IGREJA PERSEGUIDA PELO IMPÉRIO ROMANO
Estamos retomando a série sobre Teologia Dogmática. Já falamos sobre a: Igreja Apostólica, já falamos sobre Heresias na Igreja Primitiva e agora falaremos sobre a Igreja Perseguida.
A Igreja enfrentara dois níveis de
perseguições: Um interno e outro externo.
Interno à Saduceus,
Fariseus, Herodianos... (Atos 5:17-18; I Tessalonicenses 2:15). Externo à O Império Romano.
Voltaremos nossa atenção às perseguições
desencadeadas pelo Império Romano, em cerca de 200 anos seguidos.
PERSEGUIÇÕES DE 64 – 98 dC.
A perseguição começa com uma prova
forjada pelo Imperador Nero. Na noite de 18 de Julho de 64, um incêndio
instaurou-se em Roma, o fogo durou seis dias e sete e destruiu dez dos catorze
bairros de Roma.
Segundo alguns historiadores, o
incêndio foi provocado pelo próprio Nero que lhe assistiu do topo da torre de
Mecenas no alto do monte Paladino, vestido como ator, tocando sua lira e
cantando versos acerca da queda de Tróia.
Logo um boato se espalhou dizendo que os incendiários tinham sidos
descobertos e que os cristãos eram os criminosos responsáveis por tal incêndio.
Pelo fato de dois bairros onde havia grande concentração de Judeus e Cristãos
não terem sidos atingidos, Nero encontrou uma boa razão para culpar os cristãos
pela tragédia.
Daí em diante eclodiu uma
perseguição maciça e cruel contra os cristãos; milhares foram amarrados a
postes e queimados para iluminarem as ruas e jardins da Cidade (o próprio Nero
oferecia o seu jardim para o “espetáculo”), outros foram enrolados em peles de
animais para que cães famintos os matassem a dentadas, outros foram lançados no
picadeiro para que touros os pisoteassem e esmagassem.
Foi no reinado de Nero
que os apóstolos Pedro e Paulo foram executados. Pedro fora crucificado de
cabeça para baixo e Paulo fora decapitado.
A loucura de Nero só não foi
adiante porque no ano 68, o senado romano o depôs e ele suicidou-se.
No ano 70 dC, Tito Vespasiano
cercou Jerusalém, derrubou seus muros e destruiu o Templo arrancando
literalmente “pedra sobre pedra”. O cerco durou da primavera até setembro.
Nesse mesmo ano, Tito inaugurou o Coliseu Romano e na festa de inauguração que duraram
100 dias cerca de mais de 10 mil pessoas foram mortas pela espada dos
gladiadores e pelos leões famintos da Líbia.
No ano de 81, sobe ao poder o imperador
Domiciano, o irmão mais novo de Tito, também cognominado de “segundo Nero”. Ele
desencadeou uma perseguição cruel contra os cristãos durante seu reinado a
ponto de matar seu primo Flávio Clemente e sua esposa Domicila, por serem
cristãos. Domiciano, diz Eusébio, o pai da história eclesiástica, “depois de
ter exercido sua crueldade contra muitos, e injustamente morto há pequeno
número de homens nobres e ilustres em Roma, e ter, sem justa causa, punido
grande número de homens honrados com o exílio e o confisco de seus bens, por
fim estabeleceu-se como o sucessor de Nero em seu ódio e hostilidade para com
Deus.” Ele também seguiu Nero em deificar a si mesmo. Ele ordenou a sua própria
estátua fosse adorada como Deus. Foi no governo desse imperador que o apóstolo
João fora desterrado para a ilha de Patmos onde recebeu a gloriosa revelação do
Apocalipse.
Mas o final deste fraco, fútil e
desprezível tirano se aproximava. Ele costumava guardar consigo um rolo onde
estavam escritos os nomes das pessoas que seriam as próximas a serem mortas e
um dia, furtivamente, uma criança roubou o rolo enquanto o imperador dormia e
levou o rolo para a imperatriz, que para sua surpresa, descobriu que o seu nome
estava arrolado lá, então houve uma conspiração contra o imperador e ele foi
assassinado com sete facadas.
PERSEGUIÇÕES DE 98 – 311 dC.
Desde o reinado de Trajano a
Antonino Pio (98 -161), o cristianismo não era reconhecido, mas também não foi
perseguido de modo severo. Sob o governo de quatro imperadores, Nerva, Trajano,
Adriano e Antonino Pio (os quais com Marco Aurélio, ficaram conhecidos como
cinco bons imperadores), nenhum cristão podia ser preso sem culpa definida e
comprovada, porém, isto não significa que não houvesse martírio. Citamos dois
exemplos: Simão, irmão do Senhor (Mc. 6:3), fora executado no ano 107 por
crucificação no reinado de Trajano. Inácio, bispo de Antioquia, foi lançado às
feras entre 108 e 110 dC.
Marco Aurélio (161 – 180 dC.) foi um homem
bastante ético, porém, perseguidor sangrento dos cristãos. Procurava instaurar
a antiga simplicidade da vida romana e com ela a antiga religião. Opunha-se aos
cristãos por considerá-los inovadores. De todos os mártires desse período,
destacamos apenas dois: Policarpo, bispo de Esmirna, Ásia menor, discípulo do apóstolo
João, morreu no ano de 155, queimado vivo após sofrer intensos flagelos. Ao ser
levado ante o Imperador e ser instado a abjurar a fé e negar o nome de Jesus
respondeu: “86 anos o servi, e somente bens recebi durante todo o tempo. Como
poderia negar agora ao meu Salvador e Senhor?” Justino Mártir, um grande
apologista morreu em Roma no ano 166 dC. Nesse tempo ocorreu o martírio de
Felicidade e seus sete filhos aos quais ela viu morrer. O primeiro sendo
espancado até a morte, dois serem golpeados com clavas, outro fora jogado por
um despenhadeiro, outros três foram decapitados e por fim a própria Felicidade
foi morta.
Sétimo Severo (193 – 211 dC) em 202
iniciou uma terrível perseguição que durou até sua morte em 211. Era de uma
natureza mórbida e melancólica, desencadeou intensa perseguição em todo o mundo
conhecido, principalmente no Egito e no norte da África. Era tão cruel que fora
chamado de o Anticristo por muitos cristãos, nesse tempo é que Leônidas (pai de
Orígenes), Perpétua que estava amamentando o filho, fora decapitada, isso, após
ter suas carnes rasgadas por uma vaca. Seu algoz tremia de medo ao decapitá-la.
No reinado de Caracala (211 – 217)
esse Imperador confirmou a cidadania de todos aqueles que não fossem escravos,
isso permitiu que os cristãos não fossem mais crucificados e nem lançados as
feras.
Em 249, sobre ao trono Décio. Cuja
cidade estava desestabilizada. Acreditava que se todos retornassem aos antigos
deuses esses favoreceriam novamente a Roma, isso significa que houve novamente
cruel perseguição contra os Cristãos. Alguns fraquejaram, outros resistiram e
depois fraquejaram, entretanto outros ficaram firmes e resolutos na fé.
Com a morte de Décio, seguiram-se
cerca de cinqüenta anos de relativa calma. Quebrada somente por período de
breves perseguições, um destes, foi no tempo de Valeriano (253- 260) em 257.
Cipriano e outros líderes da Igreja foram martirizados nesse meio tempo.
A última, mais sistemática, e
terrível perseguição ocorrera no governo de Diocleciano (284-305) e seus
sucessores de 303 a 310. Numa série de editos, ordenou-se que todos os
exemplares da Bíblia fossem queimados, os templos fossem destruídos,
renunciassem a fé e caso não a fizessem perderiam a cidadania romana. Prendeu
todos os lideres cristãos da época, Os cristãos eram trancados nos templos e
queimados vivos dentro deles. Entretanto setenta anos mais tarde o cristianismo
seria a religião oficial do Império Romano. Diocleciano renunciou ao trono em
305, contudo, seus sucessores perseguiram os cristãos por seis anos ainda,
esses sucessores eram Galério (305-311), tendo como co-imperador Constantino,
filho de Constancio que ainda não professa a fé cristã, contudo, expediu o
Edito de Tolerância em 30 de abril de 311 dC. Legalizando assim O Cristianismo
e tornando legal sua adoração a Deus enquanto o Império Romano perdurou.
Em 313 dC, Constantino promulga o
Edito de Milão, onde o Imperador devolve aos crentes os bens, terrenos
confiscados, cidadania e templos.
Mesmo sob a chibata, a Igreja
Cresceu e vingou. Como disse Tertuliano “o sangue dos mártires é a seiva para a
sementeira do Evangelho”.
Certa feita, perguntaram ao Rev.
Francisco Leonardo, ex-reitor do Seminário Presbiteriano do Norte, em Recife
PE: “Reverendo, se a igreja fosse mais perseguida seria mais fiel?”. Ele
respondeu: “Não, se a igreja fosse mais fiel, seria mais perseguida”. Isso deve
fazer-nos refletir o quanto somos fiéis a Deus e a Sua Santa Palavra.
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