ESBOÇO DE GÁLATAS 5:13-26 "OS TRÊS MINISTÉRIOS DO ESPÍRITO SANTO DE DEUS"
Texto Bíblico: Gálatas 5:13-26
“Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas
não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; pelo contrário,
sirvam uns aos outros mediante o amor. Toda a lei se resume num só mandamento:
"Ame o seu próximo como a si mesmo".Mas se vocês se mordem e se
devoram uns aos outros, cuidado para não se destruírem mutuamente.Por isso
digo: vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne.
Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é
contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não
fazem o que desejam.Mas, se vocês são guiados pelo Espírito, não estão debaixo
da lei.Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e
libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo,
dissensões, facçõese inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os
advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não
herdarão o Reino de Deus.Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência,
amabilidade, bondade, fidelidade,mansidão e domínio próprio. Contra essas
coisas não há lei.Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as
suas paixões e os seus desejos. Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo
Espírito.Não sejamos presunçosos, provocando uns aos outros e tendo inveja uns
dos outros.”
Introdução: Essa perícope é dirigida à cristãos em vista da nova vida que receberam
na conversão. Nessa perícope, Paulo discursa sobre a liberdade cristã e o
conflito diário que há dentro de cada crente com aplicações práticas de como,
na dependência do Espírito Santo vencer a natureza pecaminosa e como esse viver
guiado pelo Espírito Santo se manifesta nos relacionamentos cotidianos. Na
conversão, recebemos o Espírito Santo (Efésios 1:13,14), agora, Paulo
discursará sobre como o mesmo Espírito Santo nos guia em nosso viver diário.
Este parágrafo é, possivelmente, o mais crítico de
toda a seção final de Gálatas, pois nele Paulo explica três ministérios do
Espírito Santo que permitem ao cristão desfrutar sua liberdade em Cristo.
1. O ESPÍRITO NOS CAPACITA A CUMPRIR A LEI DO AMOR
(Gl 5:13-15)
Paulo começa listando no v. 13, a liberdade cristã,
com um declaração de alforria bem conhecida da época que era a expressão “Chamado
à liberdade”, uma expressão corrente em atestados de compra de escravos para a
liberdade (Deissmann), algo de máxima importância para um alforriado. Quando se
suspeitava de que ele era um dos numerosos escravos fugitivos e desaparecidos,
apresentava o seu documento. Ali constava preto no branco: “Chamado à liberdade”!
A liberdade do cristão não é uma licença para pecar, mas sim uma oportunidade
para servir. Não podemos dar ocasião para a carne, isso é deixa-la fazer de
nossa liberdade cristã sua base de operação (g. Aphormé). Paulo estava
plenamente consciente de que, embora os gálatas agora fossem “irmãos” em
Cristo, ainda estavam contaminados e acossados pelas sinistras influências de
sua herança corrompida, de seus maus costumes de outrora e de seu meio ambiente
deteriorado. Falando em termos gerais, a santificação não conclui toda a sua
obra num só dia. Por isso necessitamos
sermos guiados diariamente pelo
Espírito Santo na vida cristã. O amor é o resultado prático de quem vive
sob o controle do Espírito, pois é a virtude máxima do caráter (I Co. 13:1-13),
é a forma como Deus se relaciona conosco (I Jo. 4:8,16), é uma doação do
Espírito (Rm. 5:8) é um mandamento (Jo. 13:34,35). O ser guiado pelo Espírito Santo envolve o desejo de ouvir,
predisposição para obedecer e a sensibilidade para discernir entre seus
sentimentos e sua diligência para atuar. O Espírito Santo é o único capaz
de transformar essa fera corrompida em nosso interior, a Lei tinha a finalidade
de prendê-la, mas ela era a mesma, no entanto, o Espírito Santo transforma
nossa vida de tal forma que agora, ao invés de ferir os irmãos passamos a
amá-lo.
2. O ESPÍRITO NOS CAPACITA A VENCER A CARNE (Gl
5:16-21,24)
Andem no Espírito, uma
ferramenta para vencer o conflito com a carne (v.
16): Encontramos em Gálatas pelo menos catorze referências ao Espírito Santo.
Quando cremos em Cristo, o Espírito passa a habitar dentro de nós (GI 3:2).
Somos "nascidos segundo o Espírito", como Isaque (GI 4:29). É o
Espírito Santo no coração que dá a certeza da salvação (GI 4:6); e é o Espírito
Santo que capacita a viver para Cristo e a glorificá-lo. O Espírito Santo não é
apenas uma "influência divina"; é uma Pessoa divina, assim como o Pai
e o Filho. Adolf Pohl diz que só nesse capítulo, o Espírito é mencionado
cerca de oito vezes. E o imperativo do apóstolo para nós é: “Andem no
Espírito”!
ANDAR NO ESPÍRITO SIGNIFICA CONDUZIR SUA VIDA EM OBEDIÊNCIA AO ESPÍRITO SANTO (g.peripateite).
Esse andar no Espírito certamente provoca um
conflito que só o crente experimenta. Assim como Isaque e Ismael, o Espírito e
a carne (a velha natureza) encontram-se em conflito. Ao se referir à
"carne", é evidente que Paulo não fala do "corpo". O corpo
humano é neutro, não pecaminoso. Neste contexto, essa palavra carne não
significa o corpo, como se a sede do pecado fosse esse. Deve-se notar que
muitos dos pecados mencionados nas "obras da carne" são pecados
espirituais. "Carne", no dizer de Melanchton, é "a natureza
inteira do homem, seu senso e razão, sem o Espírito Santo".
Quando o Espírito Santo controla o corpo, andamos
no Espírito; mas quando entregamos o corpo ao controle da carne, andamos
segundo as concupiscências da carne. O termo concupiscência significa mais
apropriadamente como o “desejar constante”. Isso implica que após nossa
conversão, nossa carne continua e continuará tendo os mesmos desejos errados
até o dia de Cristo. Esses desejos opostos são iIustrados na Bíblia de várias
maneiras. A ovelha, por exemplo,é um animal limpo, que evita a sujeira,enquanto
o porco é um animal imundo, que gosta de se revolver na imundície (2 Pe
2:19-22).Depois que a chuva cessou e que a arca se encontrava em terra firme,
Noé soltou um corvo, mas a ave não voltou (Gn 8:6, 7). O corvo é uma ave
carniceira, portanto deve ter encontrado alimento de sobra. Mas, quando Noé
soltou uma pomba (uma ave limpa), ela voltou (Gn 8:8-12). Quando soltou a pomba
pela última vez e ela não voltou, Noé soube, ao certo, que ela havia encontrado
um lugar limpo para pousar e que, portanto, as águas haviam baixado.A velha
natureza é como o porco e o corvo, sempre procurando algo imundo para se
alimentar. Nossa nova natureza é como a ovelha e a pomba, ansiando por aquilo
que é limpo e santo.
Convém observar que o cristão não é capaz de vencer
a carne simplesmente pela força de vontade: "porque são opostos entre si;
para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer" (GI 5:17). Paulo não diz que estas forças sejam
iguais. O Espírito Santo é muito mais forte, mas se nós dependermos de
nossa própria sabedoria tomaremos decisões equivocadas. Essa é uma luta
acirrada na qual o Espírito sobressai. O crente não luta com o desespero na
espinha, mas com a vitória nas costas.
No v 18, Paulo substitui o Andar inicial por ser
guiado. Ser guiado pelo Espírito, nada mais é do que ser santificado
diariamente pela prática e obediência à Palavra de Deus. Falando em termos
gerais, a santificação não conclui toda a sua obra num só dia.
Esse andar e esse ser guiado pelo Espírito é algo a
ser feito voluntariamente. . Esse versículo significa, literalmente: "Mas
se forem voluntariamente conduzidos pelo Espírito, então não estarão debaixo da
Lei".
Não há tentativa, nos vs. 19-21, para mencionar
todos os pecados possíveis; são dados apenas alguns exemplos mais notáveis. No
original os vícios seguintes até o v. 21 – com exceção de ―porfias e ―ciúmes –
estão no plural. A tradução deveria corresponder a esse fato. O plural traz à
memória de maneira ampla esferas inteiras, ao contrário do ato isolado. Ou
seja, cada pecado citado engloba as características de todos. Fílo de
Alexandria apresenta uma lista de mais de cem vícios. A listagem foi começada,
mas não concluída. Somos desafiados a continuá-la de acordo com as nossas
experiências.
Há quinze elementos na lista. Naturalmente que, no
tocante ao conteúdo das palavras, há elementos que se repetem. Assim, enquanto
que os três vícios: imoralidade, impureza e indecência tenham significados
distintos, no entanto os três vícios possuem algo em comum, a saber, desvio da
vontade de Deus com referência ao sexo. E o mesmo sucede com as demais palavras
da lista
Lightfoot classifica-os sob as quatro categorias:
Paixões sensuais
(relacionados ao sexo) (19). Prostituição,
impureza, lascívia... (ARA), imoralidade sexual, impureza e libertinagem;
(NVI). Lascívia; isto é,
"devassidão" (Lightfoot), indecência aberta e desavergonhada. Não nos
devemos esquecer que naquele antigo mundo pagão o vício sexual era provido pela
lei pública, sendo incorporado até mesmo na adoração aos deuses. Impureza é um conceito bastante
abrangente e inclui não só a impureza em atos, senão também em palavras,
pensamentos e intenções do coração. Libertinagem tem a sua ênfase na
ausência de domínio próprio que caracteriza a pessoa que dá livre expansão aos
impulsos de sua natureza pecaminosa. O adultério (traduzido aqui por
"prostituição" na NVI: Imoralidade Sexual) é o sexo ilícito entre
pessoas casadas; o mesmo pecado é cometido entre pessoas solteiras, pode ser
chamado de fornicação.
A impureza é exatamente isso: uma imundícia da
mente e do coração que contamina a pessoa.
A pessoa contaminada vê impureza em tudo (ver Tt 1:15). Como é de conhecimento
comum, esses pecados corriam soltos no império romano. As bebedices e
glutonarias não necessitam de maiores explicações.
Manuseios ilegítimos das
coisas espirituais (Relacionados a Religião ou pecado supersticiosos) (20). Idolatria, feitiçarias... O primeiro se refere ao reconhecimento
público dado aos deuses falsos. Moffatt traduz feitiçaria como
"mágica"; a referência é ao tráfico com os mortos (Psicografia), e
assim sendo, com os poderes malignos, tão severamente condenados no Antigo
Testamento. A palavra grega que foi
traduzida para feitiçarias
encaixa-se no termo "farmácia" (no grego farmakéia -
que significa "uso de fármacos", de onde vem a palavra farmácia.) e
significa basicamente a administração
de drogas e poções mágicas, mas passou a representar todo o tipo de prática de
feitiçaria como Moffatt bem traduziu. Idolatria continua existindo hoje
e significa simplesmente colocar qualquer outra coisa antes de Deus e das
pessoas. Devemos adorar a Deus, amar as pessoas e usar as coisas; mas, muitas
vezes, usamos as pessoas, amamos somente a nós mesmos e adoramos as
coisas, deixando Deus totalmente de
fora.
Pecados Sociais
(relacionamentos) (20-21). Inimizades, porfias, ciúmes, iras,
discórdias, dissensões (divisões), facções (Partidarismo), invejas... Na NVI:
“ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções” Algumas variações: Ciúmes, isto é,
"emulações". Iras, significa explosões apaixonadas de ira. Facções,
isto é, "heresias", ou seja, partidos, uma forma agravada de
divisões. "Homicídios", ainda que apareça em algumas versões, é
palavra que não se encontra no original. Disputas e ciúme - caminham de mãos
dadas, pois aquilo que começou como uma intensa devoção para com um líder, de
tal maneira que qualquer outro nome é de imediato menosprezado entre muita desordem,
degenera em anseio ciumento por manter o sentimento de apego ao líder, pelo
desejo de “possuí-lo”,e pelo anseio de fazer crescer o seu prestígio custe o
que custar. Em tais contextos, é natural que explosões de ira ou uivos de raiva surjam quando se menciona o nome
do “rival”.
São resultantes de líderes da igreja que promovem a
si mesmos e que insistem que as pessoas os sigam em lugar de seguirem ao Senhor
(o termo heresia, em grego, significa "fazer uma escolha"). As
invejas indicam rancores e o desejo profundo de ter aquilo que outros
têm (ver Pv 14:30).
A pessoa que pratica esses pecados não herdará o
reino de Deus. Paulo não fala de um ato pecaminoso, mas sim do hábito de pecar
(g. prassontes, lit. Prática constante).
O fato de o cristão não estar debaixo da Lei,mas
sim da graça, não serve de desculpa para pecar (Rm 6:15). Pelo contrário, a
graça deve servir de estímulo para a obediência ao Senhor.
Excessos intemperantes
(Alimentos – Relacionados ao nosso Ego) (21). Bebedices,
glutonarias.
3. O ESPÍRITO NOS CAPACITA A PRODUZIR FRUTO (Gl
5:22, 23, 25, 26)
A carne produz "obras mortas" (Hb 9:14),
enquanto o Espírito produz fruto vivo.
O Novo Testamento fala de vários tipos diferentes
de "fruto": pessoas salvas para Cristo (Rm 1:13), a vida de santidade
(Rm 6:22),dons concedidos por Deus (Rm 15:26-28),boas obras (CI 1:10) e
louvores (Hb 13:15).
O "fruto do Espírito" relacionado nesta
passagem refere-se ao caráter (GI 5:22, 23). É importante distinguir o dom do
Espírito, que é a salvação (At 2:38; 11 :17), e os dons do Espírito, que dizem
respeito ao serviço (1 Co12), das graças do Espírito, relacionadas ao caráter
cristão. Infelizmente, costuma-se dar uma ênfase excessiva aos dons, levando os
cristãos a negligenciar as graças do Espírito.
O fruto do
Espírito (22) é sempre descrito no NT como singular (22-23) como fruto da
justiça (Fp. 1:11 grego), fruto da luz
(Ef. 5:9). Um belo cacho de nove variedades de fruto é aqui descrito. Todas
estas variedades estão ligadas como que para sugerir que a ausência de qualquer
delas significa a anulação de todas, isto por uma lado, significa também que se
temos uma, temos todas. A tríplice classificação feita por Lightfoot, em
hábitos mentais, qualidades sociais e princípios gerais de conduta, uma vez
mais é de grande ajuda.
Primeiramente o tríplice desdobramento do próprio
amor – relacionados a Deus (amor, alegria, paz), depois seu tríplice
desdobramento em relação ao próximo (longanimidade, benignidade, bondade), e
finalmente o tríplice desdobramento da conduta pessoal (fidelidade, mansidão,
domínio próprio).
P. Burckhardt tenta fazer justiça à unidade dessa
multiformidade, da seguinte maneira (pág 86, citações com pequenas alterações):
alegria como amor que jubila, paz como amor que restaura, longanimidade como
amor que sustém, benignidade como amor que se compadece, bondade como amor que
doa, fidelidade como amor confiável, mansidão como amor humilde, domínio
próprio como amor disposto a renunciar.
Dons relacionados à Deus
(Amor, Alegria e Paz)(22). Amor.
O Espírito Santo inspira na alma aquele amor a Deus e aos homens que é o
cumprimento da lei (cfr. vers. 14).Alegria.
Profundo regozijo de coração, tal como as bebedeiras e outras obras da carne
jamais podem produzir. Essa alegria é a alegria "no Senhor" (Fp 4:4),
e não por causa das circunstâncias. Paz.
O senso de harmonia no coração no que tange a Deus e ao homem, aquela paz de
Deus que guarda o coração contra todas as preocupações e temores que pretendem
invadi-lo (Fp 4:7). Cristo nos deu sua Paz (Jo. 14:27)
Dons relacionados ao
próximo (Longanimidade, Benignidade, Bondade) (Relacionamentos) (22). Longanimidade. (NVI: Paciência;
Grego: Paciência esticada) Paciência esticada quando sofremos as injúrias ou
danos. Benignidade. (NVI:
Amabilidade) A bondosa disposição para com o próximo. Bondade. Beneficência ativa, eu me disponho á ajudar e ajudo; sendo
assim um passo além da benignidade relaciona-se com a atitude da pessoa para
com os outros e envolve uma recusa em revidar ou se vingar do mal recebido.
Longanimidade é ser perseverante e não desistir, benignidade é ser brando,
carinhoso e bondade é amor em ação.
Princípios gerais de
conduta (Relacionados a nós mesmos, fidelidade, mansidão e domínio próprio) (22-23). Fidelidade. Isto pode ser traduzido como Lealdade. Mansidão. O temperamento especialmente
Cristão de não defender de unhas e dentes os próprios direitos. Domínio próprio. (lit., reprimir com mão
firme) Geralmente traduzido por "temperança" noutras versões;
"autocontrole". A ideia sugerida é a do indivíduo que sabe controlar
firmemente seus desejos e paixões. Significa moderação em todas as coisas e um
domínio completo de cada paixão e apetite, ficando excluídos os excessos de
toda espécie.
A velha natureza é capaz de simular algum
fruto do Espírito, mas a carne jamais será capaz de produzir esse fruto.
Uma das diferenças é que, quando o Espírito produz fruto, Deus é glorificado, e
o cristão não tem consciência de sua espiritualidade; mas quando é a carne que
opera, a pessoa orgulha-se interiormente e se sente realizada com os elogios de
outros.
COMO VENCER A CARNE à CRUCIFICAÇAO
No v. 24,
Paulo ressalta num segundo momento que em todo o trecho ele pressupõe cristãos.
E os que são de Cristo Jesus acolhe
uma antiga autodesignação dos primeiros cristãos. Por trás dela existe um modo
de pensar, segundo o qual uma pessoa não pertence a si própria, mas sempre é
propriedade de alguém. No entanto, quando pertence a um, é livre do outro. ―
“Ninguém pode servir a dois senhores” (Mt 6:24). Ser propriedade de Cristo,
portanto, é ao mesmo tempo uma experiência de libertação. Em Rm 8:9 Paulo marca
a data em que Cristo toma posse de alguém e em que esse por isso é libertado do
domínio da carne, para o instante do recebimento do Espírito. Por intermédio do
Espírito, o Senhor exaltado tomou posse de sua propriedade, a fim de afirmá-la
como sua esfera de senhorio e bênção. Unicamente nessa situação a convocação
para andar no Espírito faz sentido, porque somente então está dado o reverso: o
desprendimento do poder da carne. Por isso o cristão não precisa mais deixar-se
acovardar pela apresentação autoritária dele. O cristão não deve mais nada à
carne (Rm 8:12). As demandas dela são nulas. Ele não tem a ver com ela mais do
que teria com um morto. Borse ensina: “Os próprios gálatas crucificaram sua
carne quando chegaram à fé no Crucificado”.
Para Paulo era importante que entre seus leitores
esse ato de morrer com Cristo crucificado fosse esticado por todo o tempo de
vida do cristão. O diagnóstico “morto com Cristo” precisa continuar a ser
escrito dia após dia. “Eu morro todos os dias” (VFL), diz Paulo em 1Co 15:31;
cf. Lc 9.23. Em 2Co 4:10 ele antecipa enfaticamente, para diferenciar de uma
experiência ocasional: “levando sempre
no corpo o morrer de Jesus”. Buscamos uma crescente comunhão dos seus
sofrimentos (Fp 3:10,11; 2Co 11:23).Ao lidarmos com a carne, precisamos
crucifica-la. Cristo não apenas morreu por nós, mas nós morremos com
Cristo. Ele morreu por nós para remover o castigo de nosso pecado,
mas nós morremos com Cristo para romper o poder do pecado. O APÓSTOLO
NÃO DIZ QUE NÓS DEVEMOS NOS CRUCIFICAR, POIS ISSO É IMPOSSÍVEL (A CRUCIFICAÇÃO
É UM TIPO DE MORTE QUE NINGUÉM PODE APLICAR SOBRE SI MESMO). ELE DIZ QUE A
CARNE JÁ FOI CRUCIFICADA. É NOSSA RESPONSABILIDADE CRER NISSO E AGIR DE ACORDO
COM ISSO.
O imperativo: Vós deveis! Nada mais é que uma
atualização do indicativo: Afinal, tendes! O que é exigido decorre do que foi
dado com naturalidade. Isto é, Deus só exige que andemos no Espírito, pois na
conversão já nos deu o Seu Espírito. O que na Galácia havia começado no
Espírito corria o perigo de ser continuado, absurdamente, na carne (Gl 3:3).
Por isso não se deve ignorar o tom de incentivo. O Espírito Santo
indubitavelmente é um poder arrasador, porém isso não deveria ser motivo para
cruzar passivamente os braços e espreitar o seu agir. Ao contrário, Paulo
exclama: Mexam-se, afinal! Dêem passos, ajam! Vençam o mal com o bem (Rm
12.21), façam o bem, digam o bem, pensem o bem (Gl 6:9-11)! Quem não faz
movimentos de natação, afunda. Um navio que não se move tampouco pode ser
guiado. Portanto, quando somos passivos, a carne se torna ativa. Ela apenas
está aguardando uma oportunidade dessas (v. 13b).
Andemos (v 25 no grego: stoichéo “conservar a linha da marcha, permanecendo na
linha e na fila”) Uma palavra diferente da que é empregada no vers. 16, pois se
trata de vocábulo que dá a ideia de andar em fila: no grego clássico era usado
para indicar a marcha em ordem de batalha. A ideia sugerida é que a orientação
do Espírito Santo deve ser seguida bem de perto. Andar no Espírito é ter nossas
atividades, nossos pensamentos nossas
ações, feitos na energia do Espírito, ou
no poder do Espírito, em sujeição ao Espírito.
No v. 26, o que chama a atenção, diferente do v.
15, é o fato de que dessa vez Paulo se inclui pessoalmente (“Não nos
deixemos”). Ele sabe do que está falando. Também ele conhece esse hálito de
desejos carnais, que se rebelam contra o Espírito (v. 17). Isso também o
incentiva a usar de uma moderação sensitiva, que caracteriza o trecho seguinte.
Ele próprio realiza aquela atitude que, a seguir, recomenda à igreja ao lidar
com falhas alheias.
OS RESULTADOS DE SERMOS DIRIGIDOS PELO ESPÍRITO:
- Aqueles que são dirigidos pelo Espírito
respiram o ar alegre e revigorante da liberdade moral e espiritual. Não
mais estando sob a escravidão da lei, obedecem aos preceitos de Deus com
alegria de coração (Gl 5:1,18).
- Odeiam e vigorosamente se opõem à “as obras da
carne” (5:17, 19-21,24).
- Suas vidas têm em abundância “o fruto do
Espírito” (Gl 5:22,23; 6:2, 8-10).
Que o Espírito Santo guie e controle sua vida cada
dia. Logo as palavras de Cristo estarão em sua mente, o amor de Cristo estará
em suas ações e o poder de Cristo o ajudará a controlar seus desejos egoístas.
muito bom estudo.
ResponderExcluirMUITO BOM ESTE ESTUDO
ResponderExcluirAprendi muito nesta manhã, creio nessas verdades. Vamos alimentar do Espírito
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