Resenha: Gestão da emoção (AUGUSTO CURY)
Gestão da emoção: Gestão do pensamento
Augusto estabelece esse fato logo no início da obra (p. 08), onde ele diz: “a gestão da emoção depende da gestão do pensamento”. Mais adiante, ele reafirma e expande essa ideia dizendo (p. 119): “A unidade básica da mente humana é o pensamento, Os pensamentos são os alicerces e os tijolos de todos os tipos de conhecimento: dos lúcidos aos estúpidos, das ideias inteligentes às perturbadoras, das ciências humanas às lógicas. Os pensamentos também são os trilhos das emoções. Pensa-se no futuro e sofre-se por antecipação. Rumina-se a discriminação e experimentam-se angústias. Alegria e tristeza, euforia e humor depressivo, prazer e angústia, aplausos e vaias, autoestima e autopunição, amor e ódio, enfim, o universo das emoções depende dos trilhos dos pensamentos”. (Grifo nosso).
O autor sabe que gerir o pensamento é exercer a capacidade crítica de pensar e qual o resultado dela. Ele diz (p. 33): “(...) Toda crítica é maculada pelo olhar do crítico (quem sou, como estou e onde estou)”.
Para o autor, até mesmo a felicidade tem de ser inteligente (p. 58), enfatizando outra vez a importância do pensamento. Para o autor, qualquer pensamento sobre a morte é uma homenagem à vida, pois só a vida pensa (p. 74).
Aqui vale uma ressalva importantíssima que Cury faz entre inteligentes e sábios. Para ele, o inteligente tem consciência de quanto sabe; o sábio tem consciência do quanto não sabe (p. 136). Um se informa muito, outro observa muito; um reage pelo fenômeno bateu-levou, outro reage pelo fenômeno bateu-pensou; um ama a arte de responder, outro, a arte de perguntar; um gosta de ser o centro das atenções, outro, gosta de ouvir e só aparecer quando necessário (p. 137).
Uma das informações mais surpreendentes ao resenhar essa obra é que, para o autor, pensar sem gestão da emoção é ruim. Nas suas palavras (p. 180): “Devemos ter plena consciência de que pensar é bom, mas pensar sem gestão é uma bomba contra a saúde psíquica”.
COMO GERIR OS PENSAMENTOS (DCD)
Valendo-se do método socrático, o autor instiga-nos a questionar. Ele diz (p. 53): “Analisando a postura intelectual de Sócrates, entenderemos que, para ele, um pensador questiona, enquanto um servo obedece ordens; um pensador explora seu mundo, enquanto um espectador espera a morte chegar; um pensador se deleita em produzir conhecimento, enquanto um repetidor de dados consome informações passivamente sem digeri-las”. (Grifo nosso)
Ele prossegue em seu argumento dizendo (p. 53): “Hoje sabemos que quem pergunta pouco chega aos lugares aos quais todo mundo chega. Quem pergunta muito se perturba muito, se perde em seus caminhos, mas tem a possibilidade de chegar aonde ninguém chegou”.
A arte de questionar abre o leque para outras possibilidades. Nas palavras do autor (p. 108): “Quem quer pensar em outras possibilidades deve ter intimidade com o universo das indagações”. Em quais áreas? Cury responde (p. 144): “Através da intimidade com a arte da dúvida, bombardeando-nos de perguntas e questionamentos sobre quem somos, nossos papéis sociais, nossas atitudes como líderes, nossos níveis de agilidade, nossa capacidade de reciclar, a qualidade de nossos produtos a competência dos processos, etc.”. (Grifo nosso)
O autor apresenta a técnica DCD com esse fim (Duvidar, Criticar, Determinar) [p. 160, 180]. A prática DCD é para ser aplicada aos nossos pensamentos (p. 119). Coisa que nenhuma faculdade ou empresa ensina-nos fazer. Isso possibilitará a chamada mesa-redonda do Eu; onde conversaremos com nossas fobias, limitações e descobriremos se eles têm procedência ou não. Isso abrirá o leque para enxergarmos as coisas por outros ângulos possíveis (p. 143). Para mim, a maior sacada de Cury, foi ensinar a questionar o próprio pensamento. Questionar nossos questionamentos (p. 119).
Administrando pensamentos: Gerenciando batalhas
Ao longo da obra, Augusto repete a frase: comprar o que não lhe pertence. Mas o faz em tom depreciativo, instigando-nos a não fazê-lo. Ele diz (p. 161): “A primeira coisa é aprender a não comprar aquilo que não nos pertence. Frequentemente, nossos colaboradores, filhos, cônjuge, amigos nos colocam num pequeno círculo de fogo, envolvendo-nos em atritos, críticas, problemas que nada tem a ver conosco, e acabamos “consumidos” por eles com muita facilidade. Nossa emoção não tem filtro”. O autor, fazendo uma analogia com a pele humana diz-nos que devemos desenvolver pele emocional. O maior órgão do corpo humano que serve para protege-lo (p. 71).
Isso trará a experiência da felicidade. Para Mark Manson, felicidade é resolução de problemas. Para Cury, ser feliz é não comprar o que não lhe pertence como atritos que não criou, intrigas que não fomentou (p.72). Esses conceitos não são excludentes, mas complementares.
Quando estamos gerenciando nossos pensamentos e escolhendo nossas batalhas ao não comprarmos o que não nos pertence, estamos inevitavelmente fazendo escolhas; e, para Cury, toda escolha implica perda (p. 90). Para ele, não podemos alcançar o essencial se não estivermos dispostos a perder o trivial (p. 90 e 193). Adoecemos emocionalmente por acolhermos trivialidades. A arte socrática será útil por questionarmos nossos pensamentos. Pois como Pascal disse: “Esforcemo-nos por pensar bem, eis o princípio da moral”.
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