A oração do Senhor: O quarto pedido em Mateus e o terceiro em Lucas: O Pão Nosso diário dá-nos hoje (2)
A oração do Senhor – Lc. 11:1-4
Orar é invocar a Deus em toda a
necessidade. Todos nós devemos e precisamos orar. Somos ordenados por Deus a
orar no segundo mandamento da Lei e aqui somos presenteados por Deus com uma
oração que abrange tudo o que precisamos nessa vida. Essa é a oração da Igreja, é comunitária, todos os verbos estão no
plural Aqui oramos uns pelos outros e uns com os outros. Essa oração é trinitária, foca em Deus, o Pai, o Criador, ao
pedirmos o pão que representa tudo que vem da terra. Foca em Deus, o Filho, ao
pedirmos perdão e, em Deus, o Espírito Santo ao pedirmos livramento das
tentações.
Nessa passagem, temos na oração cinco
pedidos:
• Santifica o teu nome – v. 2
• Traga seu Reino – v. 2b
• Dá-nos nosso pão diário – v. 3
• Perdoa nossos pecados – v. 4
• Livra-nos da tentação – v. 4
• Traga seu Reino – v. 2b
• Dá-nos nosso pão diário – v. 3
• Perdoa nossos pecados – v. 4
• Livra-nos da tentação – v. 4
Por ora, detenhamo-nos no
terceiro pedido dessa passagem: O pão diário. Esse pedido abrange, como já
dissemos, todas as coisas necessárias para a vida terrena.
1.
“O pão
nosso diário
Pedindo por pão, pedimos que Deus
nos dê o mais elementar para a vida. Sim, nem isto conseguimos por nós mesmos.
Isto revela a nossa extrema dependência de Deus.
A palavra “pão”, à princípio, designa o alimento necessário para a vida.
Daquilo que todo ser humano indispensavelmente necessita para subsistir (Pv
30:8; Sl 136:25). Com o passar do tempo, o termo
pão na Igreja passou a ser visto como abrangendo tudo aquilo que pertence ao
sustento e às necessidades do corpo, como comida, bebida, vestimenta, calçado,
casa, lar, campo, gado, dinheiro e bens; esposa, filhos e servos piedosos;
magistrados fiéis e piedosos, um bom governo, tempo bom, paz, saúde,
disciplina, honra, bons amigos, vizinhos fiéis, e coisas parecidas[1].
• Uma provisão constante
O grego de Lucas aqui é bem
conciso. É como se, ao ensinar-nos a orar Jesus dissesse: “Continue nos dando
nosso pão todos os dias para sempre”. A versão de Lucas traz a continuidade do
presente (seja dia a dia); Se a oração fosse feita à noite, pedia-se pelo pão do
amanhecer, se fosse feita ao amanhecer, pedia-se pelo pão da noite. Aqui, o
grego dá a entender uma petição numa futura sucessão ininterrupta. O diário aqui pode ser entendido como pão
para o dia de agora, pão nosso de amanhã, do futuro, o pão essencial,
necessário à vida.
• Uma provisão espiritual
Alguns dos Pais da Igreja como
Orígenes, Tertuliano, Cirilo de Jerusalém, Atanásio, Ambrósio e Agostinho
interpretaram esse pedido como além do necessário para subsistência na terra,
um pedido para que Jesus Cristo nos fosse dado. Ele que é o Pão Vivo que desceu
do Céu e dá vida ao mundo (Jo. 6:32-35).
• Uma provisão coletiva
Dissemos e repetimos que a oração
está conjugada no plural. O pão é nosso.
Aqui oramos para que Deus abençoe não somente a nós e nossos conhecidos,
como também a toda a humanidade. Que Deus abra suas mãos e dê o necessário a
subsistência a todos os seres vivos do planeta, especialmente a humanidade.
2.
Dá-nos”
Na Bíblia, somos orientados a
esperar de Deus a provisão diária (Sl. 104:27; 145:15), aqui oramos para que
todo empecilho seja removido para que essa provisão chegue até nós. Chegamos
diante de Deus em petição. Chegamos diante de Deus reconhecendo que ele é a
origem de todo o bem material, emocional que desfrutamos. Chegamos diante de
Deus reconhecendo que não merecemos de nenhuma forma todas as bênçãos que ele
tem nos dado gratuitamente. Chegamos dizendo: “Dê-nos”. Não exigimos nem
determinamos, apenas pedimos.
3.
Hoje
O "hoje" na oração recorda-nos o maná no deserto. Dizendo-nos que
a provisão de Deus é diária. Dizendo-nos que não deve haver espaço para a
ansiedade. Dizendo como está nos salmos: “Deus, a cada dia leva nossos fardos”
(68:19). É um lembrete de que devemos lançar toda a ansiedade aos pés de Jesus
e ele nos sustentará (Sl. 55:22; 1Pe. 5:6-7; Fp. 4:6; Mt. 6:24-34).
Devemos notar, no entanto, que a
oração do Senhor não se baseia no nosso merecimento. Oramos porque Deus nos
ordenou orar no segundo mandamento; oramos porque Deus prometeu ouvir-nos nos
profetas[2]
e no Evangelho[3].
Oramos não porque somos melhores ou mais eficientes, antes, oramos por
reconhecermos que precisamos de Deus e sua graça.
[1]
Catecismo Menor de Lutero in Clássicos da
Reforma, Martinho Lutero: Uma coletânea de escritos, p. 262, Vida Nova, 2017.
[2] Is. 65:24
Comentários
Postar um comentário
Quando os comentários serão excluídos:
1. Quando ofender a qualquer pessoa envolvida.
2. Quando houver desrespeito com as convicções alheia
3. Quando houver uso de palavras chulas
4. Quando fugir do tópico supracitado
5. Reservamo-nos ainda ao direito de acrescentar ou retirar cláusulas quando julgar conveniente.
Os administradores.