Provérbios 16:3: Uma nota
Entregue as suas obras ao Senhor, e o que você tem planejado
se realizará. – Pv. 16:3 NAA
O termo ‘entregar’ significa literalmente ‘rolar’. Tal movimento pode dar-se em, dentro de, sobre ou contra
alguma coisa, junto com algo, afastando-se de algum ponto, indo na direção de
alguma coisa ou para baixo. Em quatro lugares, o termo assume o sentido de
confiar, entregar, ou retirar. A
ideia é de deixar rolar seu próprio peso sobre alguém ou para
longe de si. Aqueles que estigmatizam a vítima do Salmo 22 dizem:
"Confiou no SENHOR! Livre-o e salve-o" (v.8). Enquanto em Salmos 37:5
e Provérbios 16:3 somos desafiados a entregar ao SENHOR nossas obras e caminhos.
Em Salmos 119:22 o salmista suplica: "Tira de mim a vergonha e o desprezo,
pois tenho guardado a sua Palavra".
O ato do arremesso não está
circunscrito à uma área específica da vida; não somos gnósticos dualistas. A
Bíblia diz que o que deve ser entregue são nossos caminhos (Sl. 37:5). A palavra tanto no idioma hebraico do Antigo e
grego do Novo Testamento abrange o curso de conduta e forma (i.e. modo) de
pensar, sentir, decidir. A Bíblia insiste ainda que devemos entregar nossas obras (Pv. 16:3). O sufixo do termo que
ocorre unicamente aqui em todo o Antigo Testamento indica tanto as obras que você está fazendo, ou as obras que você quer fazer.
Por fim, a Escritura assinala que devemos arremessar nossos cuidados (Sl. 55:22). O termo cuidados
no Salmo significa “preocupação
inquietante”, denota aquele tipo de preocupação que tira o sono do crente. É
aquele tipo de preocupação à qual Jesus faz frente dizendo: “Cada dia trará
suas próprias preocupações”. Jesus assinala naquela passagem que o que nos tira
o sono deve ser resolvido o mais rápido na presença dele.
O sujeito apto a receber o peso
das nossas inquietações é exclusiva e unicamente o Senhor Deus. Nem sequer nós
mesmos nos suportamos. Não somos suportes sequer nossos. O autor de Provérbios
é claro: “Ao SENHOR”. A Bíblia em todas as quatro passagens que recebe o
significado de entregar tem a Deus como sujeito seja direto ou indireto (Sl.
37:5; 55:22; 119:22; Pv 16:3). Ele que sustenta todas as coisas com sua palavra
poderosa (Cf. Hb. 1:2-3) é aquele que pode nos sustentar também. Foi o Senhor
que sustentou Pedro quando imergiu no lago da Galiléia. Foi o Senhor que
sustentou Paulo na Ásia quando todos o abandonaram na sua primeira defesa (2Tm
4:16). David M. Lloyd Jones é lucido ao dizer que o único conforto na hora da
morte é que tudo o que temos vivido é graça do início ao fim, porque só Ele nos
sustenta. E esse sustento, nas palavras do profeta, é do início ao fim (Cf. Is.
46:3-4).
O resultado do arremesso confiante
é que ele mesmo estabelecerá nossa justiça (Sl. 37:5-6), ele nos sustentará (Sl
55:22) e estabelecerá os nossos planos (Pv. 16:3). A sequencia exata dos termos
hebraicos de Provérbios forma a seguinte frase: “Entregue ao Senhor suas obras
e ele estabelecerá seus planos”. Isso pode gerar uma interpretação dupla. A
primeira é que o próprio Deus estabelecerá os desejos do nosso coração. A
segunda é que nosso coração se alinhará à vontade divina e então os nossos
desejos e os decretos de Deus serão um só e então os planos estabelecidos por
Deus serão tanto os planos de Deus quanto meus. Me parece que a segunda opção é
a que melhor representa o ensino Bíblico: (Sl. 37:4; Pv. 10:24; 11:23; 13:19;
1Jo. 5:14-15).
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