Você é você mesmo diante de outros?


“Exibir código-fonte.
E se tivéssemos isso para as pessoas?
As pessoas iriam querer mesmo ver?
Encontrar alguém com quem ser eu mesmo?”
- Mr. Robot, 1x7

Eu sou um amante de séries. The Blacklist e Mr. Robot são minhas prediletas. E no episódio em questão (1x07), Elliot, o principal personagem, traz essa reflexão oportuníssima. Será que eu gostaria de ser visto tal qual sou? Algumas pessoas conhecem meus melindres, desculpas, fugas melhor que eu na maioria das vezes.

Recentemente passei por uma experiência que destravou os gatilhos. Enquanto conversava fui confrontado tanto virtualmente quanto presencialmente pela incredulidade de um coração crédulo. Parece ambíguo, mas não é, pense e constate.  

Eu sempre pensei que se falasse tudo que eu sentia repulsaria as pessoas. Recentemente, então, isso me foi demonstrado ser fruto de um coração orgulhoso. Esse pensamento ainda me assombra, mas eu desejo exibir meu código-fonte, eu procuro encontrar alguém com quem posso ser eu mesmo.

Fato é que nós usamos máscaras.  Nesse sentido, cabe bem a frase de Fiódor Dostoievski (1821-1881): “Em todo homem, naturalmente, há um demônio escondido”. Seguindo essa linha, Dietrich Bonhoeffer (1906-1945) traz uma contribuição significativa ao dizer: “Quem sou eu? Sou um hoje e outro, amanhã? Sou eu em ambos os tempos?  Pascal (1623-1662) arremata a questão dizendo: “Somos mentirosos, temos duas caras e vivemos sob disfarces na tentativa de ocultar dos outros o que realmente somos.”

Sou grato a Deus que ele tem posto pessoas que tem me desmascarado. Tem visto a sujeira que há no meu íntimo  e, pela graça de Deus, tem decidido e se esforçado por permanecer. Uma das coisas que sempre reconheci em mim foi o meu pessimismo latente. Acredite ou não, o primeiro livro que li de Roger Scruton foi apenas por causa do título: “As vantagens do pessimismo”. E, o pessimismo é uma das máscaras mais recorrentes que uso. O conhecimento é outro escudo que poucos tem ousadia de derrubar e erguer a voz dizendo que estou errado (não que eu conheça muito, ou saiba alguma coisa).

Escrevo esse texto em grande medida biográfico porque estou atualmente passando por um período em que revivo gatilhos emocionais e mentais de uma mesma experiência que ocorreu há anos. Tenho o mesmo projeto e plano, o mesmo medo, a mesma oportunidade, espero ter alcançado alguma sabedoria e maturidade... Escrevo esse texto, pois tais gatilhos desencadearam o rebuliço nas máscaras.

E não pense, caro (a) leitor (a),  que este texto não lhe toca. Como ensina o provérbio chinês: “Em cada cara, (rosto) um canalha; Quem duvidar, é só olhar no espelho e verá mais um”.  Todos nós buscamos alguém que possamos ser quem somos, ainda que nem mesmo nos conheçamos em plenitude. Alguém que nos permita crescer em conhecimento de nós mesmos e do mundo, juntos. 

Desejamos, nas palavras do poeta (Adauto Araújo Dourado):

“Quero ser eu,
Eu mesmo
Se assim não for
Hipócrita serei.
Mas sou tão ruim,
Que me envergonho
De apresentar-me
Como de fato sou!”

Então, será que você e eu estamos prontos a exibir nosso código-fonte? Será que estamos dispostos a ver o código-fonte de nossos semelhantes? A remover nossas máscaras? Pense nisso!

Comentários

  1. Forte. Profundo. Mas, independente do seu ''código-fonte'' ou do período que esteja, a partir do momento que aceitou Jesus em sua vida, não há mais mascarás, meu amigo. Pois Cristo é a verdade! E tudo aquilo que o Espirito Santo toca torna-se como Ele. De Glória em Glória, todas as coisas irão cooperar para que se torne ainda mais parecido com o seu Senhor, por isso tais situações. Se ver é crescer e isso é dom lindo dado por Deus! Parabéns pelo texto, muito bom mesmo!

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    1. Como sempre escrevendo com maestria, né? Sempre sendo instrumento na minha edificação com seus textos e comentários. Sempre carregando o tesouro em vaso de barro. Sempre manifestando em todo o lugar a fragrância do conhecimento de Cristo. Sempre sendo conduzida em triunfo... Eu sou extremamente agradecido a você por tudo! Thanks, moça!

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