O DISCURSO DE PAULO EM ATENAS: A SOBERANIA DE DEUS ATOS 17:24-31


O DISCURSO DE PAULO EM ATENAS: A SOBERANIA DE DEUS
ATOS 17:24-31

Paulo estabelece nesse sermão seis verdades a respeito da soberania de Deus:

1.      Ele criou o mundo – v.24
2.      Ele satisfaz qualquer necessidade que exista – v. 25
3.      Ele controla a assunção e a queda das nações – v. 26
4.      Ele é essencialmente diferente dos ídolos humanos – v. 29
5.      Ele ordena a todos que se arrependam – v. 30
6.      Ele julgará o mundo – v. 31

O texto do versículo 24 diz que Deus é o poeta do mundo. O mundo é o poema do Divino. O mundo foi feito para indica-lo. O mundo foi feito para sinaliza-lo. O mundo foi feito para ele mesmo, não por necessidade, mas por doação amorosa de Si para as criaturas. Ele é o Senhor do céu e da Terra, isto é, de tudo o que foi criado. Esse ato criativo de Deus foi um ato de uma vez para sempre. A criação não é contínua. Ele terminou no sexto dia e ele descansou no sábado. A criação – de acordo com o termo grego para “fez”, é um ato voltado para o bem das criaturas. Deus criou o mundo para o bem dos seus habitantes marítimos, terrestres, voadores e humanos. Mais a frente, Paulo dirá que as nações deviam ter buscado a Deus, mesmo tateando. A palavra para tatear significa “buscar os sinais de alguém ou algo”. Os sinais estão por aí, apontando para o Criador. O poema reclama a autoria do poeta. Ele é revelado na natureza conforme Romanos 1:20 e especialmente nas Escrituras (João 5:39). O mundo é criatura, não é eterno, não é divino, não é auto existente.

Por ser criatura tanto o mundo quanto seus habitantes têm necessidades. Deus, o poeta, é aquele que as supre. Ele mesmo dá respiração, vida e todo a todos os homens (v. 25). A Nova Bíblia Vida (Editora mundo Cristão, 2010) traz assim a sentença final do versículo: e satisfaz todas as necessidades que existem. Essa construção está de acordo com Colossenses 2:10a, onde o grego diz que “vocês estão satisfeitos em Cristo”. Porque estamos unidos com ele, somos por ele feitos satisfeitos em todas as coisas. A idéia é que essa plenitude preenche cada aspecto da vida dos cristãos. Onde houver uma necessidade, há em Cristo uma saciedade. Ele disse à mulher samaritana: “Quem beber dessa água terá sede novamente, mas aquele que beber da água que eu der, jamais tornará a ter sede”. Essa satisfação em Cristo e por Cristo é, portanto, uma satisfação completa. De todas as necessidades que existem. No corpo e na alma. Na vida agora e na futura.

A soberania de Deus não se estende apenas ao céu; toca os assuntos da terra. Oramos: “Faz a tua vontade aqui na Terra como é feita no Céu”. Ele determinou os tempos das nações antes que elas existissem. (v. 26). Ele determinou onde elas teriam fronteiras. Ele é aquele que levanta reis e depõe reis (Dn 2:21). A NBV traz assim o versículo: Ele determinou previamente qual delas se levantaria e qual cairia, e quando. O que à luz da sintaxe grega faz todo o sentido e é uma boa tradução. Ele determinou os tempos, isto é, quando cairiam. Ele determinou as habitações das nações, isto é, suas fronteiras, seus territórios, isto é, qual delas se levantaria e qual cairia e determinou as fronteiras das nações. Ele é Senhor do Céu e da Terra. O mundo é a propriedade de Deus. Nós somos apenas inquilinos acolhidos gratuitamente pelo Eterno. E todas essas coisas determinadas em relação às nações ocorreram previamente, isto é, antes que elas existissem, segundo o bom proposito de Deus. O ato criativo foi um ato voltado para o bem, até mesmo o levante e a queda das nações são – no ponto de vista do Divino – concorrência para o bem dos Seus. Paulo diz: Todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que amam a Deus e que são chamados segundo o seu propósito (Romanos 8:28).

O Deus Criador, poeta do céu e da Terra é diferente dos ídolos dos homens (v. 29). Os ídolos humanos são feitos pela imaginação humana feitos do ouro, prata e pedra. Ouro, prata e pedra são coisas que foram criadas pelo Deus Criador. O Deus criador deu ao homem a imaginação pela qual ele criou os seus ídolos. A criação dos ídolos – segundo Romanos 1:21-23 – é consequência da rebeldia humana contra o seu criador, é seu desejo e grito de independência. Ao contrário dos ídolos que precisam ser carregados em procissões, aplacados com sacrifícios, o Deus criador é aquele que dá vida e respiração e tudo mais aos homens (v. 25). Ele é soberano. Ele não precisa ser servido pelas mãos humanas (v. 24) e nem habita em templos edificados por homens (v. 25). Ele é aquele que fornece aos homens a sua fronteira (v. 26).

Deus chama a todas as pessoas a se arrependerem do seu grito de independência; de seus ídolos (v. 31). O termo grego é forte. Fala de uma estipulação fixa e permanente. Essa estipulação é destinada a todo ser humano e a cada um individualmente em todo lugar que estiver. Essa mensagem é o arrependimento. Arrependimento esse que João Batista pregou (Marcos 1:4) e que Cristo pregou (Marcos 1:14) e que por ser fixo e permanente devemos pregar. Arrependimento de quê nesse texto em específico: dos ídolos. Um ídolo é uma caricatura de Deus. Deus quer que nos arrependemos de todas as caricaturas que fizermos dele.

A razão para conclamar essa ordem imutável de arrependimento é, ainda assim, amorosa como a criação do mundo, pois haverá um dia de julgamento para o mundo (v. 31). Esse julgamento será justo. Acontecerá mediante aquele que foi acusado injustamente diante da humanidade. A ressurreição do Cristo é a primeira prova de que Deus julgará o mundo. Porque o homem no afã de proteger seus ídolos sepultou o Criador na tumba. Agora, o Criador vem para destronar os ídolos e estabelecer o Trono do Seu Filho. Ainda assim, sendo misericordioso, Deus oferece aqueles que sepultaram seu Filho – a nós – a chance do arrependimento. O arrependimento é uma faceta da soberania de Deus sobre a história.

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