Bíblia e oração, por favor...
Contra você, porém, tenho isto: Você abandonou o seu primeiro amor. (Apocalipse 2:4)
Não pretendo explicar esse texto, pois nem eu mesmo o compreendi ainda. Já tive lampejos de compreensão antes quando o estudei superficialmente; O fato de citá-lo aqui se dá em razão de estar lendo Imitação de Cristo de Tomás de Kémpis (VOZES, 2018). Num determinado trecho do livro, Kémpis escreveu (p. 38): "Mas agora, pelo contrário, muitas vezes experimentamos que éramos melhores, e nossa vida mais pura, no princípio de nossa conversão que depois de muitos anos de profissão. O nosso fervor e aproveitamento deveriam crescer, cada dia; mas agora, considera-se grande coisa poder alguém conservar parte do primitivo fervor". E eu me lembrei do início da minha caminhada cristã quando só tinha a minha pequena Bíblia. Não tinha comentário, manual, concordância, léxico grego, dicionário e etc. Não que ter essas coisas sejam ruins. Eu tenho todas elas hoje e as uso frequentemente. Mas eu confesso que me tornei preguiçoso. Antes eu tinha que buscar o significado de termos complicados no dicionário, hoje eu simplesmente pego traduções recentes. Eu tinha que saber por alto o local das referências; hoje simplesmente pego a concordância. De fato, era melhor. E por melhor quero dizer mais comprometido com minha espiritualidade. Repito que ter essas ferramentas não é ruim. Reforço que todos devem ter. Estimulo todos a usarem todas essas ferramentas e outras mais que tiverem. Lembro que minha devocional era para me alimentar espiritualmente e, que com o passar dos anos, tornou-se mecânico para simplesmente pregar, ensinar ou mesmo ter algo a opinar.
Essa semana eu senti saudade daquela simplicidade entre minha Bíblia e eu. Talvez essa ideia tenha sido ressuscitada ao ler e reler a biografia de George Muller, missionário prussiano entre os ingleses do século XIX, que leu a Bíblia, aproximadamente 300 vezes, em vida. Ele era relutante com o uso dos comentários bíblicos (Reitero: É sempre bom usar comentário. Use). Bem como a pequena biografia de John Bunyan escrita por Piper em O sorriso escondido de Deus (SHEDD, 2002) onde o pastor batista relata as palavras de Bunyan (p. 82): "Para escrever essas coisas, não andei pescando em aquário de outros homens; minha Bíblia e minha Concordância são a minha livraria em meus escritos". Bunyan era tão afeiçoado ao texto bíblico que Spurgeon, conta-nos Piper, dizia que Bunyan tinha "sangue biblino". Junto com essa 'saudade' veio o desejo de ter o coração 'estranhamente aquecido' para usar a frase de John Wesley de 1738. Horas a fio orando como antes, agora, porém, orando com qualidade. Experimentando uma conversão diária. Um batismo diário. Kémpis fala de uma conversão diária. Lutero chama a vida cristã de Batismo diário. Uma vida cristã, como gosto de dizer, na ordinariedade das coisas. Com a Bíblia e a oração.
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