Vou me Lembrar: Meditações no Salmo 77:1-20


“Recordarei os feitos do SENHOR; recordarei os teus antigos milagres. Meditarei em todas as suas obras e considerarei todos os teus feitos”.
Salmo 77:11-12 NVI

Esse salmo é um convite à que nós, povo de Deus, sejamos lembrados dos milagres que Deus já fez e está fazendo em nossas vidas. Joel Beeke diz que “a providência de Deus é como ler hebraico; é melhor entendida se vista de trás pra frente”. Se olharmos para trás, veremos melhor o que Deus fará adiante. Já foi dito que “o historiador é o profeta que olha para trás”. Esse salmo convida-nos, portanto, a olhar pra trás para então enxergarmos o que Deus fará adiante. Olhar para o que Deus fez, tem feito, e fará apesar de nós.

I)                   Somos chamados a recordar os antigos milagres de Deus mesmo em péssimas situações; - vs. 1-5

O salmista estava angustiado e inconsolável (v. 2), desfalecendo (v. 3), inquieto (v. 4). E em momentos assim ele decidiu pensar nos dias que se foram (v. 5). João Calvino chamou esse livro de Anatomia da Alma por encontrar nele expressão para todas as nossas emoções. Atribui-se à Lutero uma frase que diz “não posso impedir que aves sobrevoem minha cabeça, mas posso impedir que coloquem seus ovos nela”. Não podemos impedir que estejamos abatidos, mas podemos, em meio à esse momento turbulento de angústia, inquietação controlar nosso pensamento.

II)                 Somos chamados a recordar os antigos milagres de Deus mesmo em meio às dúvidas; - vs. 6-10

Ele começa duvidando dos atributos de Deus. O atributo rejeitado é a graça (favor, bondade) (v. 8). Deus é rico em graça (Ef. 1:7), como pode esgotar algo de que ele é rico? Deus é superabundante em graça (2Co. 9:14), como pode esgotar algo superabundante? Uma vez questionando a Graça de Deus, o salmista questiona as promessas de Deus. Ele se questiona se Deus irá rejeitar para sempre (v. 7). Deus não rejeita seu povo para Sempre (Lm. 3:31). Deus pode entregar seu povo a calamidade sim, mas em momento oportuno ele se desperta em favor do seu povo (Sl. 78:58-66).  Deus é propício a pecadores (Lc. 18:13). Cristo é a propiciação pelos pecados do mundo (1Jo. 2:2). Cristo apaziguou a ira eterna de Deus e reconciliou os céus e a terra com Deus, seu Pai. O salmista continua se perguntando se as promessas de Deus continuam válidas (v. 8b). Sim, continuam. Em Cristo, todas as promessas de Deus são sim e amém (2Co. 1:20). A promessa de Deus dura mil gerações (Sl. 105:8). Esqueceu-se Deus de ser misericordioso? Não! As misericórdias de Deus são novas a cada manhã (Lm. 3:22-23). Elas nos perseguem todos os dias da nossa vida (Sl. 23:6).  Por fim, o salmista se questiona a imutabilidade de Deus (v. 10). A mão direita do Altíssimo não age mais. Deus ficou restrito ao passado. Não, meu amigo (a), o SENHOR não muda (Ml. 3:6). Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre (Hb. 13:8). Ele não varia (Tg. 1:17). Ele permanece o mesmo (Sl 102:25-27). Ele operou em Israel, ele operou na Igreja Antiga, ele operou nos avivamentos e opera hoje ainda. Ele ainda ouve orações!

III)              Somos chamados a recordar os milagres de Deus na nossa história bíblica e pessoal – vs. 13-20

O salmista evoca a experiência passada do povo de Israel com Deus no Êxodo (vs. 15-20). Os salmos didáticos (p. ex, o Salmo 78:13-15) evocam imagens vívidas do Êxodo como garantia do que Deus ainda fará adiante. Ele é aquele que abriu o Mar, ele é aquele que fez brotar agua da rocha, ele é aquele que enviou pão dos anjos e carne ao seu povo. Ele é aquele que preparou mesa no deserto (Sl. 78:19). Ele é aquele que enviou nuvem e fogo. Ele é aquele transformou água em sangue, enviou enxames de rãs, pedras de granizo, gafanhotos, trevas, morte aos primogênitos de Faraó. Ele é aquele que fez milagres para e pelo seu povo escolhido. O salmista se recorda da história bíblica, portanto.

No entanto, o salmista prossegue e começa a se recordar também da sua história de fé com o Senhor. Ele está orando (v. 1) Ele está buscando continuamente a face de Deus (v.2). Ele está se lembrando das suas canções diante da Presença (v. 6). Ele está se lembrando da sua vida com Deus. Lembrado disto, ele exclama que ninguém há maior que Deus (v. 13). Que Deus realiza milagres ainda agora (v. 14).

Diante dessa experiência salutar do salmista, somos instruídos por Deus a lembrar do nosso relacionamento com ele em tempos ruins. Eclesiastes 12:1 nos exorta: “Lembre-se do seu Criador antes que venham os tempos difíceis”. Deuteronômio tem pelo menos cinco advertências para nos lembrarmos de Deus: Lembrar-nos da libertação passada (Dt. 5:15; 7:18); lembrar-nos  da Providência passada (Dt. 8:2-5); Lembrar-nos de Deus (Dt. 8:18); Lembrar-nos da rebeldia passada e da misericórdia de Deus (Dt. 9:7); lembrar-nos dos dias passados (Dt. 32:7).

Você tem se lembrado da Providência de Deus? Passada  e presente na sua vida? Que Deus nos faça lembrados da sua Graça, Misericórdia.

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