Provérbios 3:5-10

CONFIANDO NO SENHOR

Pv. 3:5-10

 

Introdução: Os três primeiros verbos são instruções dirigidas ao filho de Deus. Eles são nossa responsabilidade: “Confia.... reconheça... Honre”. O quarto verbo — endireitará — é uma simples declaração da promessa de Deus.  Foquemos, portanto, nos verbos que são nossa responsabilidade:

Confie no SENHOR (v. 5)

Entendemos pela Bíblia que aquele que confia no Senhor é preservado pela fidelidade divina (Sl. 21:7) e que aquele que assim o faz é ajudado por Deus (Sl. 28:7). Confiar em Deus não é sinônimo de comodismo, mas um chamado à operosidade da fé. A Bíblia é clara ao dizer que devemos confiar no Senhor e fazer o bem (Sl. 37:3). Aquele que confia no Senhor desfruta de uma paz perfeita e tem um propósito de vida firme (Is. 26:3), razão pela qual somos advertidos de que é melhor confiar no Senhor do que nos homens e nos príncipes (Sl. 118:8,9).

A imagem que a palavra bíblica “confiança" sugere é de procurar abrigo em meio à uma tempestade. Á medida que vamos crescendo em conhecimento de Deus, vamos crescendo também em confiança em Deus. Confiança é resultado de relacionamento (Sl. 9:10). Confiança é uma palavra dramaticamente descritiva. É similar a uma palavra árabe que significa, literalmente, “prostrar-se sobre o próprio rosto”, uma posição que transmite a ideia de total dependência e submissão. Confiança se refere a prostrar-se com o rosto no chão, mental e emocionalmente — entregando à outra pessoa todas as esperanças para o presente e para o futuro, encontrando, nela, provisão e segurança.

Essa atitude foi um marco na vida do rei Ezequias. A Bíblia diz que não houve rei como ele com tamanha confiança em Deus (2Rs. 18:5,6). O efeito prático da confiança na vida de Ezequias foi que ele “apegou-se ao SENHOR e não deixou de segui-lo” (2Rs. 18:6 NVI). A vida da nação de Israel foi marcada por essa qualidade de caráter. Eles obtiveram muitas vitórias pelo fato de terem confiado no Senhor. No meio de uma batalha contra hagarenos obtiveram sucesso e o segredo é revelado em 1Cr. 5:20b, que diz: “Deus os atendeu, porque confiaram nele”.

Quem confia no Senhor é assistido por sua misericórdia. A Bíblia é enfática ao dizer: “Muitos são os sofrimentos do ímpio, mas o que confia no SENHOR, a misericórdia o cercará” (Sl. 32:10 NAA)

Reconheça o SENHOR (v. 6)

A palavra traduzida por “reconhecer” é amplamente utilizada na Bíblia e de formas mais variadas. No contexto de Provérbios, a palavra indica que o discípulo tem que aprender a perceber Deus em cada detalhe de sua vida; considerar que Deus faz parte de sua vida como um todo. A mesma palavra sugere ainda que o discípulo tem de estar familiarizado com Deus, ter relacionamento íntimo, profundo e duradouro com Deus. Somente no livro de Provérbios, a palavra aparece cerca de 27 vezes. A tradução grega do Antigo Testamento tem aqui uma expressão que indica “dar a conhecer, declarar (gnoridzo)”. Além de reconhecer o dedo de Deus em cada acontecimento, o discípulo tem que colocar todas as suas atividades diante de Deus em oração. Este tipo de conhecimento é pessoal e experimental.

O cristão tem um amigo no céu, ainda que não haja nenhum amigo na terra. Isaías escreveu: “Ainda que Israel não nos reconheça, Tu és nosso Pai” (Is. 63:16). Reconhecer o SENHOR implica em nunca estar sozinho em nenhum momento. Ulrico Zuínglio explica: “Não podemos deixar de admitir que nada, nem mesmo a menor das coisas, acontece sem que seja ordenada por Deus. Pois quem se importa tanto e é tão curioso assim para saber quantos fios de cabelo tem na cabeça? Ninguém. Deus, entretanto, sabe quantos. De fato, nada é tão pequeno em nós, ou em qualquer outra criatura, que não seja comandado pela providência de Deus, que tudo sabe e tudo pode”.

Reconhecer o Senhor é saber que ele se importa a ponto de saber a quantidade exata dos nossos fios de cabelo. É admitir, como nas palavras de Zwínglio, que nada acontece sem a ordenação de Deus.

Para o autor de Provérbios, reconhecer o Senhor é não ser sábio aos próprios olhos. É temê-lo e evitar o mal (v.7). Ele chega a dizer que há mais esperança para um tolo do que para quem se julga sábio aos próprios olhos (Pv. 26:12). Essa ordem é repetida no Novo Testamento (Rm. 12:16). A Bíblia tem até um ‘ai’ para quem se julga sábio aos seus próprios olhos (Is. 5:21). A consequencia de não ser sábio aos próprios olhos é ter saúde e vigor (v.8).

Honrar o SENHOR (v. 9)

Deus tem um compromisso de honra com aqueles que O honram (1Sm. 2:30). Apesar da gama de significados do termo “Honrar” na Bíblia, em Provérbios especificamente, o termo tem o sentido de valorizar, estimar, reverenciar. A Bíblia apresenta que uma das formas de se honrar a Deus é sendo grato a Ele (Sl. 50:23). É invocá-lo em momentos de angústia (Sl. 50:15). Tratar os pobres e necessitados com bondade é honrar a Deus (Pv. 14:31).

É possível ter uma falsa honra para com Deus (Is. 29:13). Os fariseus no N.T. eram mestres exímios nisso. Eles tinham toda a cultura religiosa, mas não o coração transformado. Quando a Teologia fala mais alto que a vida isso desonra a Deus. Uma vida sem Teologia desonra a Deus. É preciso equilibrio. Mentes transformados e corações aquecidos.

O povo que honra a Deus, diz a Bíblia, é um povo forte (Is. 25:3). Nossa força não está nos artifícios humanos. Nossa força está no Senhor (Jr. 9:23). Tomás de Kémpis dizia: “Grande arte é saber conversar com Jesus, e grande prudência conservá-lo consigo. Sê humilde e pacífico, e contigo estará Jesus; sê devoto e sossegado, e Jesus permanecerá contigo. Depressa podes afugentar a Jesus e perder a sua graça, se te inclinares às coisas exteriores; e se o afastas e o perdes, aonde irás e a quem buscarás por amigo? Sem amigo não podes viver, e se não for Jesus teu amigo acima de todos, estarás mui triste e desconsolado. Logo, loucamente procedes, se em qualquer outro confias e te alegras. Antes ter o mundo todo por adversário, que ofender a Jesus. Acima de todos os teus amigos seja, pois, Jesus amado dum modo especial” [Imitação de Cristo 2:8:3].

Conclusão: Que possamos crescer na vida com Deus confiando nele cada vez mais. Reconhecendo o dedo de Deus em cada acontecimento ruim ou bom. Valorizando cada benção misericordiosa da parte do Deus Trino sobre nós.

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