E O DEUS DE TODA GRAÇA – 1Pe. 5:6-10

1Pedro é um testemunho solene da graça de Deus. De fato, Pedro fala da Graça oito vezes (1:2,10,13; 3:7; 4:10; 5:5,10,12). Pedro, por intermédio de suas cartas, coloca ênfase especial tanto na graça de Deus quanto na reação feliz que ela provoca nos cristãos que a experimentaram. Dois aspectos da graça de Deus são particularmente importantes para Pedro. Primeiro, ele quer que seus leitores compreendam que tomaram posse de tudo o que há de bom na identidade de Israel nas Escrituras. Deus escolheu-os em meio aos povos da terra para um propósito especial e, portanto, a despeito do ostracismo que experimentam em seus contextos sociais, eles fazem parte da mais importante de todas as sociedades — a do povo de Deus (1Pe. 2:9,10). E em segundo lugar, que mediante a morte redentora de Cristo Jesus, eles foram resgatados da vida vazia que levavam, sendo reorientados em tudo através da Graça (1Pe. 1:18-22).

 

O Deus dos cristãos é o Deus de toda graça (1Pe. 5:10), a carta é um resumo da Graça (1Pe 5:12). Deus dá a seus filhos e filhas a Graça em suas mais variadas formas (1Pe. 4:10). A ideia da Graça multiforme ou variada é a de um tecido com várias cores, ou a pele de um leopardo, ou ainda, de um mármore colorido. Ela se ajusta às circunstâncias da nossa vida independente da ocasião.O Deus de toda a graça é uma expressão muito cara e densa a esta altura. Há pouco foi dito que Deus “concede graça” aos que se humilham sob Sua mão. Graça foi o que o autor desejou aos leitores bem no início, na sua saudação a eles (1:2). Em 1:10, toda a mensagem dos profetas do Antigo Testamento é sintetizada como “a graça  destinada a vocês”. Esta graça, da qual já passaram a desfrutar pela fé em Cristo (“alcançaram misericórdia”, 2:10 o significado é, no fundo, o mesmo); da qual foram feitos herdeiros pela fé (3:7), e que inclui até o sofrimento deles (2:19), é por outro lado a sua grande esperança. Nela eles têm os olhos fixos, na graça “que lhes está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo” (1:13).

 

I. O DEUS DE TODA GRAÇA DÁ A SUA GRAÇA AOS HUMILDES – vv. 5-7

 

Humilhar-se diante da mão onipotente de Deus é lançar aos pés dele aquilo que inquieta nossa alma e tira nosso sono; que aqui, Pedro chama de ansiedade ou cuidado. Esse ato de entrega é um ato feito para sempre. Uma vez entregue a Jesus o que nos inquieta, não ousemos retomar! É uma entrega sem retorno às nossas mãos. É uma vida inteira de ansiedades entregue à Jesus. Aqueles que se humilham diante de Deus, recebem dele sua Graça (v.5).

 

O cuidado de Deus é o constante interesse e carinho de Deus para com a humanidade. Ele está terminantemente interessado nas minúcias da nossa vida.

 

II. O DEUS DE TODA GRAÇA CAPACITA VENCER AS INVESTIDAS DO DIABO E A SUPORTAR OS SOFRIMENTOS DIÁRIOS – vv. 8-10

 

O diabo é alguém que vive chamando para a discussão, chamando para o debate. Santo Agostinho comentando esse termo diz que o Diabo é peripatético, ou seja, alguém que tem argumentos para vencer num debate. Foi assim que ele venceu nossos pais no Éden. Ele argumentou com Eva e a venceu. Ele é truculento. Ele é como leão que ruge. Agostinho diz: “Cristo é chamado de 'leão' por causa de sua coragem: o diabo, por causa de sua ferocidade. Um leão vem para vencer, o outro para ferir”.

 

Nosso dever, entretanto, é resisti-lo e o resistimos sujeitando-nos a Deus, lançando sobre Deus nossas preocupações (Tg. 4:7). Submeter-se a Deus e resistir ao Diabo é o equivalente a ser sóbrio e vigilante (1Pe. 5:8a). Resistimos ao Diabo mantendo nossa fé firme (1Pe 5:9). A fé é chamada de escudo (Ef. 6:16), ela é aquele instrumento defensivo que apaga as lanças cheias de fogo do Diabo.

 

O resultado da Graça presente na nossa vida é, então, que nós seremos ajustados, colocados em ordem, nos tornaremos o que deveríamos ter sido desde o início, a Graça nos aperfeiçoará.

 

Além de nos tornarmos o que deveríamos ter sido, a Graça nos fará confirmados, firmes na Palavra de Deus. Essa era a intenção do apóstolo Paulo para os romanos (Rm. 1:11), para os tessalonicenses (1Ts. 3:2), a intenção de Jesus para a Igreja (Lc. 22:32). Essa confirmação se dá pela Palavra de Deus. Pedro escreveu: “Por esta razão, sempre estarei pronto para fazer com que vocês se lembrem destas coisas, embora já as conheçam e tenham sido confirmados na verdade que receberam” (2Pe. 1:12). Essa verdade é a Palavra de Deus (Jo. 17:17). A Graça, então, nos firmará.

 

A Graça nos fará fortes ou nos fortalecerá, na santidade de vida (1Ts. 3:13), em toda boa obra e toda boa palavra (2Ts. 2:16,17), o nosso coração até o retorno de Jesus (Tg. 5:8).

 

Por último, não menos importante, a Graça irá nos Fundamentar, o qual significa  firmar a pessoa sobre o fundamento em cima do qual está construindo a sua vida. este fundamento é Cristo (1Co 3:11), e também é descrito no N.T. como o “fundamento dos apóstolos e profetas” (Ef 2:21; Ap 21:14). Estar bem fundamentado (Cl 1:23) é poder suportar com firmeza os dias maus, quando chegarem (Mt 7:24,25). O tempo futuro dos quatro verbos indica que se tratam de promessas de Deus, às quais os leitores são chamados a se apegar.

 

Que Deus nos ajude, como família de Deus, a estarmos firmes na Graça de Deus (At. 13:43). Deus abençoe seu final de semana!

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