Então é Natal...

  A Internet está farta da velha discussão se o Natal é ou não uma festa pagã. Não vou falar disso. Já adianto a minha posição: Sou a favor da celebração do Natal. Não sou o único. O Manual Presbiteriano traz: "A comemoração das festividades religiosas não deve ser esquecida. Corremos o risco de passar a nossas ovelhas uma imagem “espiritualizada” dos eventos históricos do cristianismo. Podemos datar alguns deles com grande precisão e podemos ver a Igreja Cristã comemorando alguns destes eventos desde o período apostólico. Devemos relembrar que o cristianismo está assentado em bases históricas. Tão históricas que possuem data de aniversário. Festas como Natal, Páscoa, Ascensão e Pentecostes foram sempre comemoradas pela cristandade (embora não saibamos com certeza a verdadeira data do Natal, podemos calcular, entretanto, as datas da Páscoa, da Ascensão e do Pentecostes. É lamentável a Igreja lembrar-se de efemérides comuns e esquecer-se de datas tão importantes para nossa fé". 

Mas e o Segundo Mandamento (Ou Primeiro na Tradição Luterana e Apostólica Romana)? "Não faça para você qualquer semelhança do que há em cima no céu ou embaixo na Terra?

O Catecismo Nova Cidade, escrito pelo falecido pastor Timothy Keller, diz o seguinte ao tratar deste mandamento: "O segundo mandamento é similar e nos diz que não devemos adorar a Deus de acordo com nosso próprio conceito de Deus, o que a Bíblia chama de idolatria. Devemos adorar a Deus de acordo com quem ele é, e não conforme aquilo que queremos que ele seja. Noutras palavras, não adorem falsos deuses, e não adore a Deus de modo falso. (...) Impomos nosso conceito de quem Deus é sobre Deus. Criamos um deus desenhado segundo o freguês, ou seja, um ídolo. Esses dois primeiros mandamentos dizem para que adoremos somente a Deus, que adoremos a Deus como verdadeiro Deus e não adoremos a um deus projetado ou inventado, um ídolo.

Agora resta a pergunta: Como Deus enxerga o Natal?

Se devemos adorar a Deus como o verdadeiro Deus e não "segundo o freguês", o que podemos inferir das Escrituras a respeito da relação de Deus com o Natal?

Leiamos a Bíblia. 1Timóteo 3:16 nos diz: "Não há dúvida de que é grande o mistério da piedade: Deus foi manifestado em corpo, justificado no Espírito, visto pelos anjos, pregado entre as nações, crido no mundo, recebido na glória" (NVI, 2001). 

Eu gosto da escolha do temo Deus aqui. Tal leitura é suportada pelas seguintes testemunhas: ℵ3 Ac C2 D2 K L P Ψ 81. 104. 630. 1241. 1505. 1739. 1881 𝔐 vgms. (Aparato Textual da Nestlé-Aland 28ª Ed). 

Natal é, portanto, a encarnação de Deus. Um evento de tamanha magnitude teve uma manifestação sublime. 

Primeiro, Deus enviou uma participação maciça de anjos no Natal. Lucas 2:13 nos conta que, ao receberem a notícia do nascimento de Jesus, os pastores viram "uma multidão do exército celestial louvando a Deus".

Segundo, nessa festa houve participação de estrangeiros e residentes. A bem da verdade, a visita dos magos se deu aproximadamente 2 anos após o nascimento de Cristo — o que levou alguns pastores a advogarem que o primeiro Natal foi comemorado por pelo menos um ano. Mateus, no entanto, registra que "vieram uns magos do Oriente a Jerusalém" (2:1). O fato de que eram estrangeiros é atestado também no v. 12: "Os magos seguiram por outro caminho para a sua terra". Além disto, quando Jesus nasce em Belém, Lucas nos conta que eram os dias do recenseamento do Imperador Augusto (Lc 2:1), onde afluíram numerosas pessoas até Belem, visto que Maria deu à luz o seu filho primogênito (...) e o deitou numa manjedoura porque não havia lugar para eles na hospedaria" (Lc 2:7). A partir do v. 8, lemos que os anjos apareceram aos pastores no campo. Por quê? Uma vez que deveriam ser nômades, eles espalharam a notícia do nascimento do Rei dos judeus assim como fizeram Ana e Simeão. 

Terceiro, esse evento dividiu a história. Nossa história acontece A.C (Antes de Cristo) e D.C (Depois de Cristo) ou ainda em A.D. (Anno Domini isto é, Ano do Senhor). 

E o que celebramos no Natal?

Hebreus 2:14,15 diz: "Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, ele também participou dessa condição humana, para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo, e libertasse aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte".

João 3:16 diz: "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna".

João 1:18 declara: "Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido."

Romanos 8:3 nos diz: "Porque, aquilo que a lei fora incapaz de fazer por estar enfraquecida pela carne, Deus o fez, enviando seu próprio Filho, à semelhança do homem pecador, como oferta pelo pecado. E assim condenou o pecado na carne."

Mateus 1:21 diz: " Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados".

No Natal, celebramos, pelos menos, cinco bençãos:

1. Derrota do Diabo e libertação do medo da morte; Afinal, quando Cristo morreu ocorreu a morte da morte na morte de Cristo (citando John Owen); 

2. A vida eterna que estava com o Pai (vide 1 João 1:1-4) nos foi dada já aqui e agora (vide João 5:24).

3. Deus se tornou conhecido a mim e a você; Essa é a essência da vida eterna de acordo com o ensino de Jesus (Cf. João 17:3). 

4. O Pecado foi condenado. O corpo do pecado foi destruído (Cf. Rm. 6:6). De sorte que agora já não servimos como escravos ao pecado (Cf. Rm. 6:14). 

5 Perdão de Pecados. Jesus significa "O SENHOR Salva". Salva do quê? O anjo disse: "salvará seu povo dos pecados deles".



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